A pressão feita pelo técnico Muricy Ramalho nas últimas entrevistas surtiu o efeito esperado. Acuada com a cobrança do treinador, a diretoria do São Paulo quer se reunir na próxima semana com o goleiro Rogério Ceni para ouvir qual a decisão dele sobre o futuro: se continua atuando em 2014 ou pendura as luvas no fim desta temporada.

Desde que o capitão tricolor perdeu o quarto pênalti consecutivo, no empate diante do Corinthians, no último dia 13, pela 28ª rodada do Brasileirão, Muricy faz questão de exaltá-lo como goleiro. Diz publicamente que o clube não precisa contratar um novo jogador para a posição e que gostaria de contar com ele por mais um ano. Após a vitória sobre o Universidad Católica, por 4 a 3, na última quarta, em Santiago, pela Copa Sul-Americana, o comandante foi além. Cobrou uma posição dos dirigentes e mais carinho com o ídolo da torcida, que teve atuação memorável contra os chilenos.

A postura do treinador obrigou a direção a se movimentar. Até o momento, a posição era de espera, deixando que o goleiro manifestasse sua vontade assim que estivesse certo dela. Agora, porém, o clube quer esfriar o assunto rapidamente e não permitir que ele se prolongue a cada boa atuação ou falha de seu principal jogador.

Ceni e o presidente Juvenal Juvêncio divergem sobre os rumos do clube, principalmente pela presença do ex-diretor de futebol Adalberto Baptista, agora diretor-secretário. O goleiro disse que o clube parou no tempo nos últimos anos. No entanto, para evitar atrito com o grande ídolo da torcida, o mandatário declarou na semana passada que irá propor mais um ano de contrato ao jogador.
Caso Ceni decida continuar, a renovação é vista como simples pelos dirigentes. O capitão não faz grandes exigências contratuais, sobretudo salariais. Nos últimos acordos, ele, que tem um dos maiores vencimentos do elenco, pediu apenas que fosse feita uma correção monetária do montante.

A dúvida se instalou na cabeça do goleiro. As boas atuações pesam para os dois lados. Em um, está o desejo de abandonar os gramados em alta, em grande forma e idolatrado. Do outro, o instinto competidor, de quem ainda vê possibilidade de atuar em alto nível e conquistar títulos pelo clube que defende há 23 anos.

- Eu envelheci muito nos últimos dois ou três meses. Foram anos. Olho para mim e vejo, cabelo nem olho mais, mas vejo no semblante, olho cansado, porque as noites ficam curtas quando você vive uma situação como essa – afirmou Ceni, referindo-se à briga do São Paulo contra o rebaixamento no Brasileirão.