Com uma maior prevalência em pacientes com idade superior a 55 anos, é estimado que a cada ano do triênio 2023-2025 ocorram 11.370 novos casos de câncer de bexiga no Brasil , segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Apesar de 80% dos pacientes com a doença terem melhor prognóstico, ela pode voltar.

Este é o caso do ator  Paulo Zulu , que anunciou na última terça-feira (21) a retirada de um tumor maligno da bexiga, descoberto em fevereiro deste ano durante um exame de prevenção.

“Infelizmente, quando eu fiz aquele post do hospital, eu fiz uma prevenção. Na verdade, eu tinha feito uma operação, porque foi descoberto um sistema canceroso pequeno na minha bexiga. Já é o segundo. Há dois anos (2021) eu tirei outro”, contou Zulu, de 59 anos.

O câncer de bexiga pode voltar?

Segundo a Dra. Pamela Muniz, oncologista da Oncoclínicas São Paulo, sim, a doença pode ser recidiva. Ela ressalta que é muito importante que o paciente já tratado continue tendo um acompanhamento regular com um urologista .

"Mesmo que a recidiva da doença possa ocorrer, ela é tratável na maioria dos casos sem comprometer a qualidade de vida do paciente", diz a doutora.

Ela ainda explica que alguns fatores podem colaborar com o surgimento do câncer. 

"O tabagismo é um desses fatores. Cerca de 50% a 70% dos casos da doença podem ocorrer devido ao hábito, pois ao fumar, substâncias tóxicas são eliminadas com a urina , podendo agredir as paredes do órgão durante o processo. Além disso, a exposição a diversos compostos químicos, como HPA, agrotóxicos, benzeno, entre outros, também contribuem para o desenvolvimento da neoplasia", explica a oncologista.
 

Tipos de câncer de bexiga

Carcinoma de células de transição: é o tipo mais comum da doença e tem início nas células do tecido mais interno da bexiga.

Carcinoma de células escamosas: atinge as células planas e delgadas da bexiga depois de infecções ou irritações de longo prazo.

Adenocarcinoma: tem início nas células glandulares, podendo se formar na bexiga após longos períodos de inflamação ou irritação.

Sintomas

"Em estádio inicial, a neoplasia pode ser assintomática, mas sintomas como presença de sangue na urina, vontade frequente de urinar - sem conseguir fazê-lo - e também dor ao urinar devem ser investigados", diz a doutora.

Diagnóstico e tratamento

 

A detecção do tumor em fase inicial pode possibilitar maiores chances de sucesso no tratamento. Com isso, a realização de exames clínicos, radiológicos e também laboratoriais são fundamentais para a investigação completa. Já nas pessoas sem sinais da doença, mas que fazem parte de grupos com uma maior possibilidade de desenvolver a neoplasia, os exames periódicos também podem ser recomendados pelo especialista.

Já o tratamento, é preciso de uma avaliação individual de cada paciente, levando em consideração o grau da doença. No caso da cirurgia, pode ocorrer a remoção parcial (retirada do tumor ou parte do órgão) ou ainda total da bexiga.

"Vale lembrar que quando a última alternativa é realizada, um novo órgão é reconstituído com o objetivo de armazenar a urina", explica Pamela Muniz.

A quimioterapia também pode ser realizada após o procedimento cirúrgico, justamente com o objetivo de eliminar as células cancerígenas que possam existir no local ou na corrente sanguínea.

Prevenção

A oncologista reforça a importância de hábitos saudáveis na rotina. "Realizar atividades físicas regulares, moderar a ingestão de bebidas alcoólicas, não fumar, beber bastante água e ter uma dieta balanceada e rica em frutas e fibras são essenciais para a manutenção da saúde e prevenção de diversas doenças, inclusive o câncer", diz a especialista.