O uso dos cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes, virou motivo de intensa preocupação entre os médicos, apesar do aumento das restrições sobre o uso tanto no Brasil como em outros países. As cores chamativas, os sabores diferentes e aromas agradáveis são alguns dos atrativos que levaram um novo público ao consumo massivo desses dispositivos: os jovens.

O consumo desses dispositivos está relacionado a um aumento do risco de doenças respiratórias como a EVALI (injúria aguda pulmonar relacionada ao uso de cigarros eletrônicos) e “potencialmente pode estar atrelado a diversas outras condições como enfisema pulmonar, doenças cardiovasculares, dermatite e câncer”, relata a oncologista Isabella Favato da Oncoclínicas Espírito Santo.

A médica ressalta que o consumo do cigarro eletrônico também gera uma grande preocupação quanto ao aumento do risco de exposição ao cigarro tradicional para os adolescentes e jovens. “Os usuários dos vapes podem ter, inclusive, maior exposição à nicotina devido ao fato de utilizarem os dispositivos com maior frequência e intensidade. Alguns estudos demonstraram que adolescentes e adultos jovens, usuários de cigarros eletrônicos, tendem a iniciar o uso de cigarros convencionais com maior frequência”, afirma.

 

“É importante que as pessoas saibam que os cigarros eletrônicos, além de proibidos no nosso país, não são isentos de riscos à saúde. A prática do uso dos vapes não deve ser estimulada em nenhuma hipótese, sobretudo entre a população previamente não-tabagista, pois pode agir como gatilho para o consumo de outras substâncias nocivas à saúde”

 

Tabagismo aumenta incidência de câncer do pulmão
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável e é responsável por 25% de todas as mortes por câncer no mundo. Fumantes têm dez vezes mais chances de desenvolver câncer de pulmão, que possui cerca de 30 mil novos casos ao ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Fumar também é o principal fator de risco de cânceres em regiões por onde a fumaça entra e passa, como boca, língua, faringe e laringe.

O tabagismo também está associado a outros tipos de câncer:
Traqueia;
Esôfago;
Pâncreas;
Leucemia mieloide aguda;
Rim;
Fígado;
Bexiga;
Estômago;
Colo de útero – em mulheres infectadas com o papilomavírus humano (HPV).

Como tratar o tabagismo?
É possível buscar o tratamento para parar de fumar tanto no Sistema Único de Saúde (SUS), quanto em clínicas particulares. Em geral, o objetivo é oferecer ao paciente um novo comportamento em relação ao vício, desvinculando comportamentos que engatilham o ato de fumar.

As abordagens podem ser:
Apoio com psicólogo – ter apoio de um profissional que possa ouvir questões emocionais e propor como lidar com elas da melhor forma é essencial;
Medicamentos – eles têm a função de minimizar os sintomas da abstinência de nicotina, como dor de cabeça, irritabilidade, ansiedade e dificuldade de concentração;
Terapia em grupo – para os pacientes que se sentem acolhidos ao fazer parte de um grupo de pessoas que passam por situações semelhantes, a terapia em grupo pode ser uma importante aliada no abandono do cigarro;
Mudança de hábitos – alguns ajustes na rotina são necessários para lidar com a abstinência e manter a decisão de deixar o cigarro, como a prática de exercícios físicos, que é a forma mais rápida, em curto prazo, de desviar a vontade de nicotina.