Na expectativa de roubar R$ 5 milhões em dinheiro, uma empregada doméstica e o marido presos por um roubo à casa dos patrões dela, no bairro Mata da Praia, em Vitória, planejaram o assalto por dois anos. Porém, a ação acabou frustrada porque na mansão só havia R$ 35 mil em espécie. O crime foi no dia de 6 abril deste ano. Joias e cheques também foram roubados da residência, mas a quantia total não chegou nem perto do que os criminosos esperavam.

"Conseguiram arrecadar apenas R$ 35 mil e a promessa do marido da doméstica era de que haveria milhões. Inclusive, ele dá um número aos comparsas de R$ 5 milhões por ser um empresário e por ter o hábito de pagar em cash aos funcionários. Foi um crime que, para eles, acabou sendo frustrado porque desses R$ 35 mil, R$15 mil já teve que ser utilizado no pagamento do veículo usado no crime, o Honda Civic queimado", contou o delegado Gianno Trindade.

 

Os detalhes do roubo foram divulgados durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (21). De acordo com o delegado Gianno Trindade, chefe da Divisão de Repressão aos Crimes Contra o Patrimônio (DRCCP), outras seis pessoas estão envolvidas no crime. Uma delas está foragida, outra morreu assassinada em um barbearia e os demais estão presos desde a última semana.

Segundo a polícia, Rony Oliveira dos Santos, de 20 anos, morto a tiros na barbearia em Jacaraípe, é um dos envolvidos no assalto milionário à casa do médico, ex-vereador e ex-deputado estadual, Luiz Carlos Moreira em março deste ano. Ao todo, foram roubados R$ 2 milhões em dinheiro que estavam escondidos em um compartimento secreto do imóvel, além de joias, dinheiro de contas e o salário do médico. Câmeras de segurança flagraram suspeitos fugindo da casa.

"Ele lá foi responsável por conseguir carro e armamento", disse o delegado.

 

Investigações

 

Na época do assalto, a doméstica da família contou que foi feita refém e obrigada a levar os assaltantes até a casa dos patrões. Durante o roubo, as vítimas foram algemada e ameaçadas por três suspeitos armados que reviraram a casa.

Porém, durante as investigações os policiais descobriram que ela não só estava envolvida como planejou todo o crime com a ajuda do marido.

 

"Durante as oitivas e os interrogatórios, fomos constatando muitas contradições e fatos não plausíveis como, por exemplo, a casa da doméstica estar com o portão de fora e o de dentro abertos, os celulares da família terem sido destruídos mas os da família da doméstica nenhum foi destruído", contou o delegado.

 

Outro detalhe que chamou a atenção dos policiais foi a forma como os criminosos agiram dentro da casa da família na Mata da Praia.

 

"Dentro da casa da vítima, a doméstica não foi amarrada. O senhor que tinha fobia não foi amarrado. Eles apontavam locais certos de onde tinham os objetos. Além disso, o marido da doméstica esteve no dia 4 e 5 de abril, dois dias anteriores ao crime, na rua da casa da vítima. Dá todo o levantamento do alvo, como todos chegariam na casa sem ter erro", detalhou o delegado Gianno Trindade.

 

 

Com as contradições identificadas, a doméstica, o marido e uma terceira pessoa tiveram a prisão pedida à Justiça pela polícia.

 

"Uma sensação de tristeza e surpresa é que se tratava de uma funcionária que já trabalhava na casa há cerca de oito anos. Tinha total confiança da família, tinha a chave da residência com ela, inclusive eles moravam em uma casa cedida pela família a qual era prometida que seria transmitida para a doméstica daqui a 2 anos. Ela ganharia a casa daqui a dois anos. Temos total abuso da confiança por parte dela, a quebra de confiança nos choca", disse o delegado.

 

Com a prisão do marido, os policiais avançaram mais nas investigações e chegaram a outros suspeitos do crime, que estavam no presídio após serem presos com um carro roubado.

O carro usado no crime foi comprado por R$ 20 mil e a placa foi clonada de um veículo da Bahia que pertencia a um policial. Após o roubo, o carro usado pelos criminosos foi queimado.

Carro usado por criminosos que assaltaram mansão em Vitória — Foto: Reprodução/TV GazetaO delegado disse ainda que o marido da doméstica já esteve preso pelo crime de tráfico de drogas.

Segundo a polícia, os envolvidos no assalto, que não tiveram os nomes divulgados, podem responder pelos crimes de falsa comunicação de crime porque simularam o sequestro da doméstica; roubo triplamente majorado porque agiram com utilização de arma de fogo e fizeram as vítimas reféns. e ainda dano qualificado e perigo comum porque atearam fogo no carro usado no crime oferecendo risco a moradores próximos.

 

 

Relembre o caso

 

Uma família foi feita refém durante um roubo à residência no bairro Mata da Praia, em Vitória, Espírito Santo. O crime aconteceu na madrugada de quinta-feira (6). Durante a ação, os suspeitos armados levaram joias, R$ 30 mil em espécie e dez cheques que totalizavam cerca de R$ 170 mil, segundo as vítimas contaram para os policiais.

O que chamou atenção na época foi que enquanto os moradores da residência eram feitos reféns, a empregada da família também tinha sido rendida por outros suspeitos em sua casa, no bairro Jacaraípe, na Serra, Grande Vitória, enquanto saía para trabalhar. Ela contou que tinha sido obrigada a seguir com um dos criminosos até a residência dos patrões onde outros comparsas já estariam com a família.

A empregada contou também aos policiais que um dos criminosos ficou em sua residência com sua família enquanto ela era obrigada a entrar num carro e ir até o local de trabalho.

A filha do dono da residência contou aos policiais que atenderam a ocorrência que eram três homens armados. Durante cerca de 30 minutos, eles reviraram a casa em busca de bens materiais e dinheiro.

 

De acordo com a jovem, os três suspeitos levaram várias joias, R$ 30 mil em espécie e dez cheques que somavam a quantia de cerca de R$ 170 mil.