A prefeitura de Guarapari, região Metropolitana do Espírito Santo, multou em R$ 50 mil o empresário que fez uma brincadeira de premiar uma pessoa com um carro e que terminou em uma confusão na quinta-feira (26). Flávio Ramos, de 30 anos, se autointitula "sheik brasileiro" nas redes sociais.
Segundo a prefeitura, a multa foi dada por falta de licença prévia para a realização do evento de quinta-feira. No dia, o empresário anunciou uma espécie de brincadeira com o intuito de presentear com um carro a pessoa que ficasse mais tempo com a mão no veículo.
Mas a ideia do empresário terminou com o carro totalmente depredado e uma confusão que precisou da intervenção da Polícia Militar. Além de uma intensa troca de socos entre os participantes, pessoas saíram levando partes do carro.
A advogada de Flávio, Raissa Mombrini, disse que o empresário ainda não foi notificado de nenhuma multa e disse ainda que quando for recebida, Flávio vai recorrer.
De acordo com a Polícia Militar, a conduta de Flávio não configura crime, visto que não há proibição da prática prevista na Legislação Brasileira.
Entre as regras definidas pelo empresário, somente 20 pessoas poderiam participar e não era permitido comer, beber água ou sair do local. O veículo era avaliado em R$ 44 mil.
Após o carro ter sido colocado na rua, houve troca de socos e empurrões e correria na rua. Uma pessoa chegou a subir no capô do veículo e pular até se desequilibrar e cair. O carro foi depredado e ficou completamente destruído. Não é possível saber como a briga começou.
Após a confusão, Flávio falou sobre o ocorrido nas redes sociais. Ele disse que a ação precisou ser encerrada por causa do tumulto e que algumas pessoas estavam armadas.
“Eu pedi para parar encerrar a brincadeira porque estava dando briga, tinha gente armada... Pela própria segurança das pessoas que estavam participando.”
Segundo ele, o veículo foi destruído por pessoas que não conseguiram ficar entre as 20 selecionadas para colocar a mão no carro e concorrer ao prêmio.
"As pessoas que não conseguiram colocar a mão no carro quebraram o carro, o para-brisa, o retrovisor. Na hora em que eu estava saindo, bateram no meu carro, ficaram batendo, dando murro", publicou ele.
Apesar da briga e da destruição, Flávio disse que um homem ganhou o prêmio por não ter desistido de permanecer com a mão no carro. Segundo o empresário, este homem vai ser identificado e receberá o automóvel após o mesmo ser reparado.
O empresário disse ainda que vai continuar fazendo as brincadeiras para premiar moradores de Guarapari, mas, segundo ele, "de forma mais organizada", nas suas palavras.
"Eu não vou desistir, vou continuar fazendo as brincadeiras, mas de forma mais organizada. Tipo pegar um celular e esconder na cidade, e deixar as pessoas procurarem, quem quiser achar."
Flávio disse ainda que a premiação do carro foi inspirado nas provas de resistência do reality brasileiro Big Brother Brasil.
Flávio é natural de Contagem, Minas Gerais e se mudou para Guarapari em fevereiro deste ano. Antes, o empresário residia na Bahia, onde tinha uma pizzaria bem pequena e gerava renda mensal de R$ 2,5 mil.
"Era tudo bem pequeno, apenas um forno na cozinha da minha própria casa onde eu assava as pizzas. No entanto, quando a pandemia começou, em 2020, as coisas subiram muito de preço e não teve como manter as pizzas. Tive que me reinventar e virei investidor", comentou.
Em menos de sete dias, este foi o terceiro episódio em que Flávio quis "beneficiar" os moradores da região de alguma forma. No sábado (21), Flávio jogou R$ 10 mil da cobertura da qual é dono em Guarapari, transmitindo a "chuva de dinheiro" ao vivo nas redes sociais. Após a ocasião, o empresário foi notificado pelo condomínio por causa da conduta.
Na segunda-feira (23), Flávio fez outra brincadeira, desta vez dando uma moto avaliada em R$ 18 mil para quem achasse o veículo "escondido" pelo município - com chave na ignição, capacete e documentos todos regularizados.
A Polícia Militar disse que equipes de Força Tática do 10º Batalhão foram acionadas para atender uma ocorrência de grave perturbação da ordem pública na Praia das Castanheiras, no Centro de Guarapari. Ao chegar no local, as equipes solicitaram apoio, pois se depararam com uma briga generalizada com o uso de pedaços de madeira e pedras, além da grande concentração de pessoas.
"Os militares se posicionaram a uma distância de segurança e aguardavam que a presença policial ostensiva fosse capaz de acalmar os ânimos da turba. Entretanto, em determinado momento, outra confusão generalizada começou em torno de um carro", disse a corporação em nota.
Também segundo a corporação, a equipe recebeu informações de que uma pessoa estaria em posse de um isqueiro ameaçando atear fogo no veículo. "Neste momento, foi ordenado que a tropa progredisse e retirasse as pessoas que estariam em torno do veículo", disse a PM.
De acordo com os policiais, foi preciso usar spray de pimenta e espargidores, já que as pessoas atiravam pedras e outros objetos, colocando em risco militares e quem estivesse por perto. Duas pessoas foram encaminhadas para a Delegacia Regional de Guarapari.
Já a Polícia Civil informou que o empresário compareceu espontaneamente na Delegacia Especializada de Infrações Penais e Outras (Dipo) de Guarapari e prestou depoimento. Ele será investigado por supostamente causar tumulto. Ele também poderá ser investigado por possíveis outros crimes que possam ser identificados durante as investigações.