Na última semana (04), após sete anos de casa, Carina Pereira foi surpreendida com sua demissão da Globo Mina s. Ela fazia parte da equipe esportiva do "Bom Dia Minas". 

Na noite de terça-feira (12), a jornalista veio a público dar detalhes sobre sua saída da emissora e acabou revelando que trabalhava em um ambiente tóxico, com um chefe abusivo e que sofria preconceito por ser uma mulher no setor esportivo. 

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"Sou muito grata pelos sete anos que passei ali, mas eu já não estava feliz. Tem uns dois anos que eu não estava feliz. Eu enfrentei uma redação de esporte, que eu nunca tinha trabalhado, que eu não conhecia. Eu enfrentei preconceito por ser mulher e, principalmente, por não ser deste meio", iniciou. 

"Tinha um tratamento diferenciado [dos colegas] comigo, mas aí depois começou a vir do meu chefe. Ele dizia: 'ah, a Carina conseguiu essa exclusiva porque ela é mulher, ela tem o que você não tem, ela oferece o que você não oferece'. Eu ouvia isso e ficava calada. Quando era com colegas, eu até retrucava, mas com o chefe não, porque era alguém que eu respeitava, que eu admirava", lembrou ela. 

"Eu que não sou de me calar, ficava calada. Em 2018, teve uma viagem que cinco colegas foram, incluindo esse chefe. Um outro superior meu disse: 'Aproveita, é só uma semana, mas a experiência é incrível'. Já esse chefe [o abusivo] disse assim: 'um absurdo isso, eu estou indo trabalhar, fulano está indo trabalhar, só você que não. Tá com fama de bonita mesmo, né? Tão pagando hotel 5 estrelas, passagem aérea só para te conhecer. Poxa, ser mulher é bom demais. Com isso, eu resolvi ir ônibus", desabafou. 

"Lá, o chefe regional elogiou meu trabalho. Então, esse [o abusivo] disse: 'Carina faz sucesso demais, ela é até pedida em casamento no Instagram'. Isso me doía demais. Eu fui para o banheiro nesse dia e fiquei trancada por três horas, eu não conseguia sair de lá. Eu achava que aquele ali não era meu lugar", relatou. 

Após esse episódio, Carina revelou que notou que o comportamento do chefe não afetava só a ela, mas a um grupo de pessoas. Eles então se reuniram e resolveram falar com o RH da emissora: "Não adiantou muito", disse ela.

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Em outra tentativa, desta vez mais assertiva, o grupo fez uma denúncia no compliance, que é a ouvidoria da empresa. "Na época, nada aconteceu, acho até que pioraram. Eu era a única mulher dessa galera que denunciou e eu sinto que fui a única prejudicada", analisou.

"Eu tinha quadros, que eram projetos meus, que eram ideias minhas. Porque  eu não podia continuar fazendo? Me entristecia, me perguntava o que eu tinha feito de errado. Me achava ruim, e se eu era tão ruim... porque não me mandavam embora? Porque para mim as coisas eram mais difíceis?", questionou. 

 

Em 2020, a chefia da emissora mudou. Porém, já era tarde para Carina. "Em 2020, veio uma chefe nova [e disse]: 'Ah não, vamos passar uma borracha em tudo, te ofereço uma página em branco. Para isso, preciso que você sente com o seu chefe, a gente converse e vou te orientar como se nada tivesse acontecido. "Talvez tenha sido o maior erro da minha vida [fingir que nada aconteceu], porque aconteceu. Isso ultrapassou meu limite", narrou ela.