O médico Roberto Bastos colocou seu nome na história da medicina em Cachoeiro de Itapemirim-ES com seu grito que ressoou em todo o Espírito Santo. Aos 56 anos, ele teve a coragem de se indignar sobre as mentiras do sistema da Saúde da Mulher.

Para alguns poucos, de janeiro até o momento, Roberto Bastos foi O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde) do filme estadunidense de 1941, do gênero drama de horror, dirigido por Victor Fleming. Falso paralelo.

Ninguém no futuro poderá dizer que ele não disse. O que ele disse? Disse que estavam desconstruindo a história e a grandeza da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim através de uma gestão entreguista.

Enquanto o médico visionário foi às ruas, em praça pública, alertar sobre o desmantelamento dos serviços do hospital, foi apedrejado e incompreendido assim como João Batista ao pregar no deserto contra o farisaísmo. 

Roberto Bastos adoeceu na alma e no corpo. Ao perceber que a mentira se espalhou como cancro nas veias da sociedade mais hipócrita, surtou. Pediu socorro para manter uma simples maternidade, prospectou até a ideia de se criar o Hospital da Mulher. 

Os demais nosocômios crescem com o descaso e a pequenez de espírito dos conselheiros e diretores da Santa Casa. A Unimed vai aproveitar o vácuo para transformar seu antigo hospital numa maternidade funcional com o selo de qualidade da cooperativa médica.

O Hospital Evangélico tem uma modesta maternidade que precisa de reforma, mas jamais a jogara fora, antes em pouco tempo, vai estruturá-la para atender demanda do sul do Estado. São mais de 300 mil mulheres na região.

Já o Hospital Infantil Francisco de Assis vai expandido seus tentáculos e pegou para si o melhor do maná entregue pela Santa Casa que admitiu sua incompetência de gerir o serviço. Neste caso, a combinação deu certo, sem precisar explicar o jogo para a população.

Roberto Bastos lutou com todas as suas forças, além delas, sem receber solidariedade dos colegas e das próprias mulheres, na sua maioria, que optaram por pagar pelos seus partos. Desistiram do SUS, sem custo. Já é difícil nascer. Os pobres vão pagar mais caro por isso.

Nenhuma autoridade ao menos ouviu o médico que foi o único capaz de construir um hospital, a MED e tem sua própria clínica. Maluco? Beleza, qualquer um tem o livre direito de pensar. "A luz do sol é o melhor detergente" (Louis Brandeis (1856-1941 - Juiz da Suprema Corte Americana).

A Santa Casa de Misericórdia, na saúde local, virou apêndice. O mais qualificados serviços migraram para os outros hospitais. Foi um preciso um médico ficar "insano" para profetizar a ruína de um hospital centenário. Agora, fica o registro. Ele fez a hora, não esperou acontecer.  

Somente os loucos transformaram e vão continuar transformando o mundo para os normais suportarem viver nele.