Representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal, a servidora Maria Rita Serrano relata gritos, tapas na mesa e tentativa de intimidação por parte do ex-presidente do banco, Pedro Guimarães , nas reuniões do colegiado.

O executivo é alvo de uma série de denúncias de assédio sexual , que o levaram a pedir demissão do cargo . Maria Rita conta que respondeu a dois processos internos na instituição por ter contrariado a ordem de não fazer críticas ao governo e à Caixa e apoiar movimentos de trabalhadores do banco.

"O plano (da cúpula da Caixa) era encontrar uma base legal para me retirar do conselho, mas fui eleita pelos trabalhadores. Os procedimentos duraram um período longo e eles chegaram à conclusão que não tinha o que fazer", disse Rita.

Ela contou que um dos encontros, Pedro elevou o tom de voz, bateu na mesa e ela respondeu: "Você me respeita, sou conselheira tanto quanto você".

Rita disse que as denúncias de casos de abuso moral contra trabalhadores que se posicionavam contra Guimarães aumentaram na gestão dele. Afirma ainda que sabia de rumores de assédio sexual contra funcionárias, mas que não havia provas.

Após denúncias de servidoras reveladas na quarta-feira (29) pelo site Metrópoles, ela apresentou pedido para que o conselho abra um processo interno para apurar as acusações. Rita propõe a contratação de uma empresa independente para investigar o caso, de forma isenta e transparente.

"O fato exige apuração rigorosa, rápida e transparente. Estou propondo que seja selecionada e contratada empresa externa para proceder investigações no âmbito da Caixa, a fim de que o processo seja efetuado com isenção e transparência, sem influência de dirigentes da empresa", disse ela.

O governo confirmou, nesta quarta-feira, a demissão de Guimarães após as acusações de assédio sexual por funcionárias do banco estatal. Ao mesmo tempo, confirmou o nome de uma mulher, Daniella Marques , atual secretária de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, como substituta. A troca foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União. Procurada, a Caixa não se manifestou sobre as denúncias até a publicação da notícia.