Pescadores das cidades de Colatina e Baixo Guandu, no Norte do Espírito Santo, fecharam a linha de trem Vitória-Minas em um protesto que durou cerca de cinco horas, na noite desta terça-feira (30).
 

Eles foram informados de que será suspenso o pagamento do auxílio garantido desde 2015 pela Fundação Renova aos afetados pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana.
 

A Vale, empresa que detém a estrada de ferro, é uma das empresas acionistas da Samarco.
 

E nota, a Fundação Renova afirmou que começou a cancelar os benefícios "para aqueles casos que não preenchem os requisitos para sua concessão".

 

Dificuldade
 

Os pescadores da Vila de Maria Ortiz, em Colatina, e de Mascarenhas, em Baixo Guandu, contaram que receberam um comunicado sobre o corte do auxílio.
 

Muitos deles dependiam da pesca para sobreviver, mas a atividade foi gravemente afetada quando a lama da Samarco atingiu o Rio Doce e chegou ao Espírito Santo.


Agora, com a pandemia e a dificuldade de encontrar emprego, eles não sabem como vão sustentar as famílias.


"Somos pescadores, dependemos do rio e o rio não tem mais peixe. Não tem condições de, em plena pandemia, eles fazerem uma covardia dessa", desabafou o pescador Domingos Ponches.



Só na Vila de Maria Ortiz, 200 famílias dependem desse auxílio. Não há impedimento da atividade pesqueira nesses locais, mas os pescadores dizem que não conseguem vender o peixe do Rio Doce.



"A gente não confia na água, no peixe. Quando rompeu a barragem, matou toneladas de peixes", contou a presidente da Associação de Pescadores Nova Vila, Andressa Karla.


Há, um ano, pescadores também protestaram por não terem recebido o auxílio.



Fundação

A Fundação Renova informou, por meio de nota, que a conclusão do processo de indenização prevê acordos para diferentes categorias e tem previsão de término em dezembro deste ano.

Diz, ainda, que em agosto, essas famílias vão receber o valor referente aos meses de agosto, setembro e outubro em um pagamento único.

A Fundação Renova afirma que começou a cancelar os benefícios "para aqueles casos que não preenchem os requisitos para sua concessão ou já tiveram restabelecidas as condições para retomada de atividade econômica ou produtiva".

O pagamento foi suspenso nos casos de ausência de impacto e impacto indireto, pesca de subsistência em Minas Gerais e na calha do rio Doce no Espírito Santo, pesca comercial na calha do rio Doce no Espírito Santo, agropecuária, comércio, turismo e residências, areeiros e outros danos ou danos não identificados.

De acordo com a Fundação, o auxílio continua sendo pago para as categorias de pesca (comercial e subsistência) na foz do Rio Doce e de pesca comercial em Minas Gerais, para os moradores de Mariana, Gesteira e Barra Longa, para quilombolas e indígenas, e para aqueles que tiveram o auxílio financeiro concedido judicialmente.