Um dos setores profundamente impactados pela pandemia do novo coronavírus é o da gastronomia. De portas fechadas para o público desde o dia 21 de março, bares e restaurantes registram queda de até 90% nas vendas e esperam autorização para a retomar as atividades no Espírito Santo. Mesmo com a retomada gradual das atividades econômicas, estes estabelecimentos seguirão fechados pelo menos até dia 31 de julho, podendo operar, apenas, com serviços de retirada e delivery.
Ainda sem saber exatamente como será o futuro do setor, o Sindbares (Sindicato dos Bares e Restaurantes do Espírito Santo) dá como certo que muitos não sobreviverão ao novo momento. O presidente da entidade, Rodrigo Miguel Vervloet, estima que dos 18 mil bares e restaurantes do estado, 4 mil não consigam retomar as atividades após a pandemia, provocando a eliminação cerca de 25 mil empregos diretos e indiretos.
Com horário de funcionamento restrito das 11h às 16h e com serviço de delivery, o empresário Ricardo Bodevan, proprietário do Restaurante Atlântica, em Itaparica, Vila Velha, amarga uma queda de até 90% no volume de vendas nos últimos meses.
“As pessoas não estão frequentando restaurante. Poucas são as que continuam indo. Começamos a trabalhar com delivery devido a pandemia. Deu uma ajuda, mas não muito. Em junho, minha queda foi de 85% comparada ao ano passado”.
Por conta da crise causada pela redução considerável no movimento e, consequentemente, no faturamento, Bodevan fez alguns cortes na equipe, mas a redução foi de certa forma contida pela possibilidade de adotar a suspensão de contrato e redução da jornada de trabalho.
O cenário não foi diferente no Restaurante Regina Maris. Com o quiosque fechado e uma queda de até 90% nas vendas, a chefe e proprietária – que dá nome ao estabelecimento – desligou 10 funcionários dos 14 que trabalhavam no quiosque. No restaurante localizado em Itaparica, a demissão atingiu 20 dos 38 trabalhadores.
O presidente do Sindbares reforça que o setor é composto de muitos estabelecimentos estritamente familiares, ou seja, onde a família trabalha no negócio e depende daquilo para viver. Não têm como aguentar um mês, quanto mais três de portas fechadas.
Protocolo de segurança
Saúde e higiene sempre foram pontos de atenção para quem trabalha no setor de bares e restaurantes. Diante da pandemia do novo coronavírus e a crise financeira agravada pelo fechamento do setor, a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) elaborou um guia de recomendações e cuidados para uma reabertura segura de bares e restaurantes.
O presidente do Sindbares, Rodrigo Miguel Vervloet, afirma que a conversa sobre reabertura continua com o governo do estado. Um protocolo de segurança foi apresentado para um retorno seguro.
“Desde o início temos tido conversas com o governo e oficializamos nossos protocolos de retomada. E nossa proposta enrijece ainda mais as normas sanitárias as quais os bares e restaurante já são submetidos. O protocolo proposto prevê o afastamento de mesas, uso da máscara, álcool em gel, ou seja, normas de circulação para que todos os envolvidos nessa cadeia permaneçam seguros. Queremos trabalhar com a maior segurança possível”, detalhou.
O guia de segurança elaborado pela Abrasel prevê a diminuição da capacidade de público do estabelecimento, distanciamento de 1 metro entre pessoas nas filas, disponibilização de álcool em gel, reforço da higienização do piso e superfícies, ventilação natural, controle de aglomeração e reforço das boas práticas na cozinha. Mas até o dia 31 de julho o setor deve permanecer fechado.