Dois navios porta-contêineres, dedicados ao transporte de cabotagem, começarão a ser construídos, a partir de janeiro de 2021, segundo previsões da empresa, pela Petrocity Portos S. A., no estaleiro Enseada Indústria Naval, da Bahia, com financiamento do Fundo da Marinha Mercante, que é gerido pelo Ministério da Infraestrutura.


A prioridade ao projeto da empresa capixaba, que projeta a construção de um porto de grandes dimensões, em São Mateus, no Norte do Estado, foi decidida pelo Conselho Diretor do Fundo em reunião realizada no último dia 2 de julho e a Resolução 174, oficializando a decisão, foi publicada pelo Diário Oficial da União desta sexta-feira, dia 10.


O valor total do investimento será de R$ 617 milhões. Cada navio custará, de acordo com a Resolução 174/2020, o valor global de 73,443 milhões de dólares americanos, aproximadamente R$ 308,5 milhões.


De acordo com o presidente da Petrocity Portos, José Roberto Barbosa da Silva, o contrato com a empresa capixaba é o primeiro de grande porte executado pelo estaleiro Enseada, desde que foi fortemente impactado pela Operação Lava Jato. Por força do cancelamento de projetos e cancelamento de contratos em execução, o estaleiro ficou em dificuldades e desde outubro de 2019 entrou em recuperação judicial.


MÃO-DE-OBRA


A construção dos dois navios, segundo José Roberto, vai gerar 750 empregos em Maragogipe, no Recôncavo Baiano. Localizado na foz do Paraguaçu, o Estaleiro Enseada chegou a empregar 9 mil pessoas no pico de obras. Inicialmente um consórcio entre Odebrecht Engenharia Industrial, OAS e UTC Engenharia, hoje a indústria é apenas da Odebrecht Engenharia, também parceira da Petrocity na construção do porto. É dela o principal contrato – no valor de R$ 2,1 bilhões – quando as obras iniciarem.


O presidente da Petrocity Portos S.A. disse que o contrato com o Estaleiro Enseada já foi assinado pela companhia capixaba, cujo principal projeto é a construção do Centro Portuário de São Mateus, num investimento de mais de R$ 3,1 bilhões. A esfera federal já desembaraçou as autorizações para a obra, assim como a própria Prefeitura de São Mateus, mas ainda falta a licença do Instituto Estadual de Meio-Ambiente (IEMA).


A construção dos dois navios vai gerar 750 empregos na Bahia. São embarcações de 1.500 pés (75 TEUS), destinados ao transporte de cabotagem (entre portos nacionais) com capacidade para 2 mil toneladas. José Roberto disse que prevê a conclusão da construção dos navios antes mesmo de terminarem as obras do porto em Urussuquara e que vai operar, enquanto isso, a partir do próprio Estaleiro Enseada.
O FMM pode financiar até 90% do valor dos projetos. O percentual de financiamento depende do conteúdo nacional e do tipo de embarcação, conforme a resolução 3828/2009 do Conselho Monetário Nacional (CMN).


O prazo estabelecido é de 450 dias para a contratação do financiamento, no caso de novos projetos, como é o caso dos dois navios da Petrocity, e de 180 dias, no caso de projetos reapresentados por não contratação da prioridade original. O prazo para os interessados apresentarem projetos buscando a obtenção de prioridade de financiamento com recursos do fundo é até 28 de setembro de 2020.


VISÃO DE FUTURO


José Roberto Barbosa falou sobre essa nova fase que começa para a Petrocity, enquanto conclui o processo para iniciar as obras do Centro Portuário de São Mateus. Segundo ele, o objetivo de construir esses dois é porque “a Petrocity vai ser um grande hub de cabotagem, com plataforma avançada de 1,8km da praia, para navegação de grande curso fazendo transbordo para cabotagem”.


Segundo ele, “dentro dessa visão de BR do Mar”, a empresa se antecipou e desde 2018 vem desenvolvendo esse projeto, junto com o Estaleiro Enseada e um parceiro internacional, para implementar o transporte de cabotagem, “o que será possível com esse financiamento dos dois navios, que custarão R$ 616 milhões e que começarão a ser construídos, em janeiro de 2021, pela nova previsão”.


O primeiro dos navios já entrará em operação em 2022, segundo o presidente da Petrocity: “Vamos não apenas incentivar, mas investir e mergulhar de cabeça na cabotagem, porque entendemos que esta é  a grande saída para a mobilidade de cargas no Brasil. O marco regulatório Br do Mar vai trazer um ganho muito grande para os produtores de carga, principalmente para região de influência da Petrocity, o Norte e Noroeste do Espírito Santo, Sul da Bahia e leste de Minas, chegando ao Vale do Aço e à Grande Belo Horizonte”.


A Petrocity está associada à Badin Energia e à BTO, especializada em construção civil e administração de rodovias, no projeto de construção do porto em São Mateus. “Vamos investir no nicho da cabotagem numa plataforma com apelo de hub, com porto ultramoderno atrelado à ferrovia Minas-ES, fazendo o transbordo de carga vinda do Exterior, e também saindo do País para o mundo, bem como intraportos brasileiros”, acrescentou José Roberto.


O dirigente da Petrocity também salientou a importância da parceria com o Enseada, “o maior estaleiro da América Latina”, e disse que a empresa está “avançando uma parceria com uma empresa estrangeira proprietária de grandes navios de transporte de cargas intercontinentais”.