Cartão postal do Espírito Santo, a Pedra Azul é o símbolo do turismo capixaba. Repleta de belezas naturais - da fauna à flora -, tem uma hotelaria que passeia entre o rural e o luxo, restaurantes com chefs renomados e um termômetro convidativo. Mas o que falta para a região alcançar voos maiores no turismo nacional? Ser o destino-desejo de paulistas, mineiros, gaúchos, brasilienses e curitibanos? Afinal, Pedra Azul pode virar uma Campos do Jordão? 

 

 

 

Para Nerleo Caus, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (ABIH-ES) e ex-secretário de Estado de Turismo, a resposta é sim. “Mas não como está. É preciso primeiro criar identificação do lugar, do ponto de vista turístico e Pedra Azul já está identificada. O que precisa ser feito daqui para frente é criarmos infraestrutura para que o lugar consiga se efetuar como destino e também destino de outros pólos emissores, ou seja, de outras pessoas em outros Estados”, raciocina. 

 

 

 

Nerleo explica que o bom turismo é construído de pilares: a contemplação - paisagens, cultura, belezas naturais -, a infraestrutura - estradas boas, telefonia, postos de saúde -,  e a comunicação. “Já passou da hora de Pedra Azul pensar em uma alternativa do ponto de vista modal. Cabe também pensar em um pequeno aeroporto para pequenas aeronaves, principalmente com a possibilidade de retorno dos jogos de cassino no Brasil”, já projeta. 

 

 

 

“O distrito de Pedra Azul, devido a sua geografia, pelo conjunto de habitantes locais que atende aos requisitos mínimos de mão de obra, tem grande capacidade de se tornar uma referência nacional. Cabe agora o cuidado com a infraestrutura. Aqui, além disso, temos uma crescente  produção agrícola artesanal, que por si só retém mão de obra local e estimula em grande escala as experiências turísticas do agronegócio. É possível transformar Pedra Azul em um destino consolidado a partir dessas ações. Não somente para os capixabas, mas sim ao nível Brasil”, continua. 

 

 

 

Primeiro setor 

 

 

 

Além da estrutura e melhoria na mobilidade, Nerleo avalia que o oferecimento de uma estrutura de saúde básica de emergência é fundamental. “Hoje em dia, se uma pessoa sofre algum acidente na região, precisa se deslocar para Vitória. Isso gera insegurança ao turista. Outro ponto, é a comunicação dos serviços e ensino aos profissionais que são escassos”, critica. 

 

 

 

“Vale ressaltar que, para atrair o turista não é necessário apenas que você treine a população e os profissionais que vão atender aos visitantes. É preciso oferecer uma boa estrada para chegar até ao local, estabelecer um bom serviço de comunicação e segurança como um todo. Afinal, não adianta construir um hotel de 6 estrelas na região de Domingos Martins e não ter uma estrada pavimentada para que as pessoas cheguem até ele. E se as pessoas não chegam, logo não aproveitam o bom treinamento dado aos funcionários. Por isso, treinamento é apenas um dos investimentos a serem feitos”, diz. 

 

 

 

 

Para o vice-presidente da ABIH-ES, "outra forma de alcançarmos melhorias são por meio dos incentivos fiscais que podem ser concedidos para as pessoas da região e os incentivos advindos do e para o pequeno setor, juntamente com o incentivo ao esporte de montanha, mas sem perder de vista uma boa e rígida legislação ambiental local para se evitar aventuras imobiliárias, desvalorizando e fragilizando o segmento montanha”.

 

 

 

Em alta

 

 

 

"É importante ressaltar que o turismo de montanha tem crescido ao longo do tempo, muito pela necessidade das pessoas buscarem contemplação ao ar livre. Isso impulsionou bastante o turismo de contemplação. De modo geral, também é uma boa opção de moradia para pessoas aposentadas ou que querem viver um pouco fora do ritmo cansativo das cidades”, contextualiza Nerleo. 

 

 

 

“Então você tem dois versos: primeiro é a questão da própria pandemia que empurra o ser humano a buscar essas alternativas. Segundo, a qualidade da moradia das nossas montanhas em Pedra Azul, por exemplo, que fica a pouco mais de uma hora da cidade e consegue atender aos pré-requisitos de ambientação, clima e, além disso, possui bastante participação da iniciativa privada, gerando muitas possibilidades. Portanto, Pedra Azul pode ser sim a nova Campos do Jordão”, finaliza.