O preço médio do gás de cozinha no Espírito Santo chegou aos R$ 115, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O valor equivale a cerca de 10% do salário mínimo no Brasil, definido em R$ 1212.

Além de prejudicar o bolso dos capixabas, o cenário faz com que consumidores e revendedores de gás de cozinha precisem adotar novas estratégias para diminuir o impacto dos altos preços.

Na casa da dona de casa Iracema da Silva, em Vitória, a opção foi construir o próprio fogão a lenha para tirar do orçamento o custo com botijão de gás.

 

Antes, o fogão artesanal era usado apenas em algumas ocasiões, mas agora toda a comida da família é preparada nele. Apesar do sabor fazer diferença, o motivo foi mesmo o alívio nas contas.

 

"Hoje o uso está mais frequente por causa da dificuldade. O gás tem subido bastante, a todo tempo, e isso é uma forma de economizar. Temos outros custos, com água, luz, contas, e isso é uma economia para gente", disse a filha dela, Marinalva Costa, que ajudou a construir o fogão.

 

Fogão a lenha agor a é usado de forma rotineira na casa da família de Iracima da Silva, em Vitória — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Fogão a lenha agor a é usado de forma rotineira na casa da família de Iracima da Silva, em Vitória — Foto: Reprodução/TV Gazeta

 

Botijão parcelado

 

Para manter as vendas e tentar continuar com uma boa margem de lucro, o revendedor de gás de cozinha e vice presidente do Sindicato de Revendedores de gás do Espírito Santo, Clistiano Frederico do Vale, decidiu começar a parcelar a venda do produto.

 

 

"Estamos adequando ao consumidor. Hoje o consumidor pede para dividir em duas ou três vezes o gás, porque está cada vez mais difícil para os clientes", disse Clistiano.

 

De acordo com dados do sindicato, as vendas de gás de cozinha no Espírito Santo caíram 5% em 2022. Para o economista Wallace Milles, o cenário atual não mostra expectativas de melhora no curto prazo.

 

"É a realidade mais difícil que vemos no século. É o maior aumento do preço do gás de cozinha. Chega a 10% do salário mínimo e compromete e muito a qualidade de vida da população. As perspectivas não são nada animadoras no curto prazo", afirmou.