O caso ocorrido em Brasília com o Secretário do Meio Ambiente e vereador, Luiz Emanuel, flagrado urinando em público com sinais explícitos de embriaguez, em missão oficial, colocou a Prefeitura de Vitória em maus lençóis. Isso porque o protagonista da ação obscena e seu assessor alegaram estar em férias, com recursos particulares para agendas oficiais de um dia na capital federal, o que soa como estratégia desesperada de defesa.

O problema se agravou quando a PMV publicou no diário do dia 26 de dezembro do passado ato concedendo férias retroativas somente ao secretário Luiz Emanuel, a partir do dia 21 de dezembro de 2018. Só que o ato obsceno de atentado ao pudor foi flagrado por moradores no dia 20 do mesmo mês (dezembro), o que contradiz a versão dos envolvidos.

Para piorar, o secretário Luiz Emanuel e seu assessor Dárcio fizeram boletim de ocorrência contra a divulgação dos fatos, esquecendo-se que são reais, registrados em vídeos por populares constrangidos.

Natural que daí surjam indagações sobre a missão oficial e dinheiro público, com base nas postagens dos próprios envolvidos em suas redes sociais no dia da ida a Brasília. 

A incongruência se torna tão evidente, que a sociedade passou a exigir o trabalho independente da imprensa de apurar e informar. Fontes afirmam que a estratégia dos envolvidos é usar o boletim de ocorrência para cima intimidar, amedrontar e desviar o foco do contexto poluído em que se meteram: há questionamentos e dúvidas reais, de interesse público, que surgiram das próprias informações contraditórias da PMV e dos envolvidos (Luiz Emanuel e seu assessor Dárcio).

Os autores do boletim de ocorrência tentam amenizar o gesto obsceno de atentado ao pudor, sob alegação de viagem privada, porém se contradizem alegando ser agenda oficial (os próprios registram vídeos e fotos nas redes ). Ao mesmo tempo, apresentam informações desencontradas de compra de passagens com os cartões de crédito privados somente do assessor, mas sequer consta do próprio Luiz Emanuel, ocultando-se ainda os gastos com alimentação, deslocamentos e diária de hotel.

A missão aparentemente era oficial, registrados em vídeos e fotos pelos próprios envolvidos, sendo que o procedimento de reembolso dos gastos é feito pelo erário a posteriori, mediante apresentação das notas e comprovantes. Por óbvio, com o flagrante dos vídeos que viralizaram nas redes, os servidores podem não pedir reembolso, como estratégia de defesa para dizer que os recursos gastos são privados.

Mas fontes consultadas perguntam: quem vai a Brasília em um dia para retornar no outro, cumprir agendas oficiais e em plena férias? Seria uma atividade próxima de R$ 2.500 mil reais para cada um, soando ilógico e sem razoabilidade para sustentar uma defesa. De qualquer forma, a ocultação do cartão do secretário Luiz Emanuel e a ocultação de informações de gastos com diárias, deslocamentos e alimentação soam como silêncio gritante. A não ser que foram em algum lugar posterior ao evento do gesto obsceno de atentado ao pudor e não desejam expor isso em público (fala-se em tese, diante da ocultação de informações dos gastos, com divulgação parcial e narrativa contraditórias). 

Tudo isso que envolve suposto uso de dinheiro público ou missão oficial representando a Instituição Prefeitura de Vitória deve ser investigado e explicado a sociedade. 

A PMV informa abertura de procedimento interno de investigação, porém informa que os envolvidos estavam em férias. Essa contradição, como dito, não passou despercebida: no Diário não constava nenhuma férias e somente dia 26/12/2018 foi publicado ato com data retroativa, onde se informou férias somente de Luiz Emanuel. Só que a partir do dia 21/12/2018. O fato do gesto obsceno registrado em vídeos ocorreu no dia 20/12/2018, data da suposta data oficial! Ou a PMV errou ou recuou, diante da proporção que o escândalo criou na sociedade após a repercussão das matérias no jornal
FOLHA DO ES.

O trabalho da Imprensa impediu a Municipalidade de produzir documentos retroativos livremente para blindar os envolvidos. Só que as contradições já tornam a PMV parte do problema com problema, gerando suspeita de fraude, falsidade ideológica, improbidade e outros ilícitos. Até porque se os envolvidos estivessem de férias como poderiam representar a Instituição Prefeitura de Vitória em missão oficial no Ministério do Meio Ambiente?

A imprensa tem o dever de apurar tais fatos, no exercício constitucional da liberdade de imprensa. E a sociedade tem o direito constitucional à informação, o que inclui livre manifestação de pensamento (opinião) e compartilhamento das matérias jornalísticas.

Esse é o compromisso do FOLHA DO ES, jornalismo independente e comprometido com o leitor.