O caso de pelo menos seis mortes na maternidade do Hospital de Guarapari-ES, divulgado no dia primeiro deste mês, é um aviso, gravíssimo, para situação análoga aos dos hospitais de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

A Santa Casa de Misericórdia repassou, da noite para o dia, sua demanda referencial de materno infantil para o Hospital Infantil do Município. 

A notícia gerou polêmica porque a Santa Casa presta esse serviço há mais de 100 anos. Ao final de ano de 2018, no apagar das luzes, o Hospital Infantil faz convênio com quase o triplo do valor recebido pelo Governo do Estado, enquanto a direção da Santa Casa avaliza com nota oficial a transação de responsabilidades no setor, mandando as gestantes se apresentarem no hospital angariador dos serviços.

No Hospital de Guarapari, seis bebês morreram, de forma criminosa. O Ministério Público e as Secretaria de Saúde, do Município e do Estado estão investigando. No Brasil, não é habitual e nem cultural o processo preventivo. Em Cachoeiro de Itapemirim-ES, essa transferência de serviços não foram avaliados sob aspecto nem humano, social e legal. 

O médico Roberto Bastos e ex-vereador por dois mandatos tem sido a única voz alertante sobre o perigo da ausência da Santa Casa no fechamento da sua maternidade centenária (começou com as freiras parteiras). Ele coloca lógica na argumentação. O Hospital Infantil não tem a mesma estrutura e recursos funcionais em caso de complicação no parto com perigo para a gestante e bebê.

"A Santa Casa é um hospital completo, assim como o Hospital da Unimed e Evangélico, enquanto o Hospital Infantil é uma unidade específica, para atender somente a necessidade do bebê e não da mãe e do bebê em caso de parto complexo. O que fará o hospital numa situação assim? Levará a paciente para a Santa Casa, certamente!", explica com didática.

Em caso do governador Renato Casagrande (PSB) não voltar com o credenciamento da maternidade da Santa Casa de Misericórdia, pode-se no futuro escorrer sangue de inocentes nas mãos da direção de ambos os hospitais e da própria Secretaria Estadual da Saúde que não avaliou os riscos dessa logística.