Olhos Que Condenam, da Netflix, está gerando bastante burburinho. Principalmente porque a série é inspirada em um fato que aconteceu de verdade. A trama da série aconteceu na vida real, no final dos anos 1980, nos EUA, e desde então tornou-se pauta de muitas discussões.

 

A série é produzida por Ava DuVernay, famosa por ter dirigido o filme Selma, indicado ao Oscar. Ela conta a história de cinco adolescentes negros do Harlem, que foram condenados por um estupro que não cometeram em 1989. Entretanto, depois de presos, eles começam uma luta para provar sua inocência.

 

Pensando na curiosidade do público, o Mix de Séries resolveu explorar um pouco da história real, contando o que aconteceu com alguns personagens de verdade, bem como onde ele estão agora.

 

A história real

 

Todos os cinco – Antron McCray, Kevin Richardson, Raymond Santana, Yusef Salaam e Korey Wise – eram adolescentes na época em que foram presos. Bem como, em nenhum momento, nunca foram achadas provas que ligassem o crime aos garotos.

 

O principal indício apresentado contra eles eram confissões gravadas em vídeo de pessoas, que, segundo os simpatizantes dos cinco homens, teriam sido coagidas a fazê-las.

 

Na noite do ataque, em 19 de abril de 1989, dezenas de jovens vagavam pelo Central Park. Eles estavam ameaçando ciclistas e corredores em ataques aleatórios, conhecidos como “barbarização”. A vítima era funcionária de um banco de investimentos e foi abandonada em uma poça de sangue. Após acordar de um coma, alegou não ter memórias do episódio. Tal fato impossibilitou a identificação de suspeitos.

 

Entretanto, posteriormente, o verdadeiro autor do crime apareceu. Matias Reyes, de 31 anos, confessou ter estuprado quatro mulheres e matado uma delas. Após amostras de DNA, foi constatado que Reyes era o verdadeiro autor do crime. Assim, em 2002, os meninos acabaram inocentados e libertados.

 

O que aconteceu depois dos garotos serem libertos?

 

Logo depois de exonerados, os agora homens processaram a cidade de Nova Iorque em 250 mil dólares, pela atuação da polícia e da justiça que os levou à detenção. Em 2014, ficou decretado que eles receberiam 1 milhão de dólares por cada ano que ficaram presos. Entretanto, até hoje nenhum deles foi indenizado.

 

O caso Korey Wise – o que realmente aconteceu com ele, durante seu período na prisão?

 

Um dos personagens que mais chama a atenção em Olhos Que Condenam é Korey Wise, interpretado brilhantemente pelo ator de Moonlight, Jharrel Jerome.

 

A história dele já começa curiosa, uma vez que ele só se envolve na investigação quando resolve acompanhar seu amigo Yusef Salaam até a delegacia. Uma vez que ele pisou lá, foi interrogado de forma ininterrupta por duas horas e meia. Bem como sem qualquer acompanhamento de um pai ou responsável. Esses momentos, inclusive, são mostrados no primeiro episódio.

 

Em 1990, Korey fora inocentado das acusações de assassinato e estupro, mas acabou sendo culpado pelas acusações de abuso e assédio sexual.

 

Korey, na época com 16 anos, cumpriu a sentença mais longa entre os cinco. Ele ficou preso mais de 13 anos, e foi o único a ser enviado diretamente para uma prisão de adultos. Sua experiência angustiante atrás das grades finalmente recebeu a atenção que merecia em Olhos Que Condenam. O episódio final, um dos maiores, foi quase exclusivamente dedicado a retratar a coação mental e física que Wise sofreu na prisão.

 

“Uma das coisas que realmente me impressionaram foi quando Korey me disse: ‘Não há Cinco do Central Park. Foram quatro mais um. E ninguém contou essa história'”, explicou a cineasta DuVernay, durante uma entrevista ao Town & Country. “Acho importante que as pessoas entendam o que significa ser encarcerado em prisões para adultos neste país “.

 

Korey Wise realmente conheceu Matias Reyes – o verdadeiro culpado – na prisão?

 

Korey era o único dos cinco do Central Park que ainda estava cumprindo pena pelo crime quando o verdadeiro culpado se apresentou.

 

Em 2002, Matias Reyes, um violentador condenado que já cumpria uma sentença de prisão perpétua, confessou o ataque brutal contra a corredora no Central Park. Ele afirmou que agiu sozinho e isso foi posteriormente corroborado por evidências de DNA.

 

Como visto na minissérie, Wise e Reyes se encontraram na prisão. Além disso, tal encontro que supostamente levou Reyes a se entregar. Esse encontro realmente aconteceu na vida real.

 

A advogada adjunta Nancy Ryan foi fundamental para autorizar a decisão de retirar as condenações de Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana e Korey Wise. Os cinco homens exonerados chegaram a um acordo legal com a cidade de Nova Iorque em 2014, após uma longa batalha pelos direitos civis. Korey é o único dos cinco que ainda vive em Nova Iorque.

 

A promotora Linda Fairstein se envolveu com a produção de Olhos Que Condenam?

 

Linda Fairstein era promotora em crimes especializados contra mulheres e crianças. Foi ela a atuar no caso dos Cinco do Central Park, na época. Muitos se questionaram sobre o que realmente aconteceu com ela, e qual foi o seu envolvimento com a trama da série.

 

De acordo com a diretora, Ava DuVarney, Fairstein se recusou a participar da produção da série. Bem como, de contar o seu lado da história. “Ela se recusou. Na verdade, ela estava até apta a participar, mas exigiu que ela devesse aprovar o roteiro e algumas outras coisas. Então, imaginem qual foi minha resposta“, destacou a diretora.

 

Em 2002, após a exoneração de todos os cinco homens, Fairstein afirmou que o trabalho da polícia no caso era “uma das mais brilhantes investigações policiais que eu já vi“. Ela alegou que os detetives entrevistaram dezenas de possíveis suspeitos, apesar de não terem muito o que fazer.

 

Durante a mesma entrevista ao New Yorker, a ex-promotora se recusou a aceitar que a confissão (e o DNA) de Reyes tivesse eliminado os meninos do caso. Para ela, eles não foram acusados injustamente. “Eu acho que Reyes estava com aquele bando de garotos. Ele ficou mais tempo, enquanto os outros fugiram. Ele completou o ataque.“, disse ela, antes de alegar que essa também era a opinião de muitos dos detetives envolvidos no processo de interrogatório.

 

 

O que aconteceu com ela?

 

Conforme mencionado no final da série, Linda Fairstein se tornou uma famosa autora de romances policiais. Ela deixou seu papel como promotora em 2002, mas, durante uma entrevista de 2016, Fairstein revelou que ainda advogava.

 

“Eu mantenho todas as minhas credenciais atuais e realmente trabalho em casos e escrevo livros sobre a lei“, disse ela ao The Guardian. “Eu ainda estou muito envolvido em advocacia e advocacia para vítimas de violência e, em particular, eu fico muito perto do escritório do promotor de Manhattan, onde trabalhei por 30 anos.“

 

Em 2018, ela foi premiada pelo conjunto da obra, que partiu dos escritores de mistério da América. Entretanto, foi rescindido após uma reação negativa devido ao seu envolvimento no caso do Central Park.

 

Olhos que Condenam está disponível para os assinantes da Netflix.