Há cerca de três meses a FOLHA DO ES vem investigando e denunciando a direção da Santa Casa de Cachoeiro de Itapemirim-ES. Dívidas impagáveis. Falta de medicamentos essenciais. Abuso de autoridade. Mortes. Um coquetel de de venenos letais para os profissionais honestos e para a população que paga com a vida a negligência e a irresponsabilidade dos seus gestores.

Paramédicos nos corredores da UTI (Unidade de Terapia Intensiva), completamente, sem condições de trabalho.Trocam as roupas de proteção nos corredores - não existe espaços reservados apropriados - . Não existem banheiros para higienização ao final do trabalho. Trata-se de situação desumana para os médicos e enfermeiras, bem como afeta diretamente os pacientes. (fotos)

Provador das roupas de proteção nos corredores da UTI

O principal e letal problema está na falta de medicamento essenciais como denunciado por médico em matéria publicada ontem (25) que relatou a inexistência de medicação de bloqueador neuromuscular - para tratar de paciente entubados - . Falta de bolsa de colostomia (reter as fezes) . Falta de remédios para arritmia. Falta medicação, por exemplo, para vasopressores  para estabilização dos pessoas chocados.. Pessoas morrem sem medicação o tempo todo.

O problema da falta de medicamentos na Santa Casa de Cachoeiro-ES é crônico. Há anos. E tem causa: uma divida de R$ 80 milhões, impagável. Fornecedores de medicamentos são os maiores credores. Trata-se de uma agrura escondida só de conhecimento interno. Um tipo de estelionato contra os pacientes desinformados em pleno tratamento precário e deficiente. 

Dias desses, um paciente chegou ao hospital em situação grave e foi atendido pela ortopedia e operado por um único cirurgião vascular, enquanto o caso exigia no mínimo dois a três profissionais experientes. Resultado: a perna da vítima necrosou e foi amputada. Causa:

O superintendente padre Evaldo Ferreira provocou a saída no final do ano passado de todo grupo de cirurgiões vasculares a despeito de não dialogar e nem de ouvir os questionamentos dos médicos. A veia vingativa do atual diretor geral e seus assessores diretos. Sobre esse registro, pergunta-se: quantas pessoas do ano passado até presente data foram transferidas para outros hospitais e quantas morreram com o desmanche do quadro de médicos vasculares? Com a palavra o Ministério Público e a Secretaria Estadual da Saúde.

Ontem, 25, o diretor Clínico da Santa Casa, Thiago Nora, teve a coragem de dizer para um familiar de paciente que não poderia fazer nada sobre a situação crítica, pois o hospital estaria falido e falta tudo. Relatado ao assustado representante do doente em estado grave. O diretor clínico é um dos prepostos do padre que desagrada tanto a classe médica quanto a categoria de enfermagem para atender aos interesses de um pequeno grupo de privilegiados.

A situação mais nefasta está na responsabilidade do médico Rafael Luzório que ocupa a direção da residência médica do hospital - com carteira assinada para a função - ; contrato para prestar serviços nas enfermarias; contrato com o setor de Oncologia da Unimed; Agora, dando plantão na UTI da Santa Casa; e tem sua esposa Natália Luzório como diretora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, responsável pelos protocolos ou falta deles para combater o coronavírus no nosocômio que recebeu o credenciamento do Governo do Estado para ser referencial no tratamento. Como este médico consegue dar expediente em tantos setores e nos dois hospitais? Inquirição pertinente.

Sobre o tratamento do coronavírus na Santa Casa de Misericórdia, envolvendo a médica Natália Luzório, os questionamentos são muitos. Quais são os protocolos assinados por ela para instrução do tratamento? Quantas reuniões realizou com o corpo clínico? Quantas reuniões instrutivas promoveu com os paramédicos e demais funcionários do hospital? Por que sua ausência é tão notada e a do marido tão presente para o caso em tela?

A cada denúncia da FOLHA DO ES, a direção busca rearrumar a bagunça hospitalar e até emitir informações positivas para Imprensa não investigativa e não analítica, na tentativa de impedir possível intervenção da Secretaria Estadual da Saúde e denúncias do Ministério Público. A situação é gravíssima. Somente a intervenção do Estado coloca fim na gestão temerária da Santa Casa e nas mortes por conta desses desmandos e autoritarismo que afugenta os médicos mais qualificados e experientes.

Protesto velado dos paramédicos dentro da Santa Casa contra a gestão do padre. Situação aterrorizante e acobertada.