A partir de hoje, oficialmente, as atividades comerciais se normalizam em Vitória e na Serra, com abertura autorizada de shoppings, restaurantes, bares etc. Muitos bares e restaurantes vinham desrespeitando as regras de fechamento, mas essa discussão agora é ultrapassada. No entanto, a liberação, anunciada na sexta-feira pelo governo, deixou uma dúvida: por que Vila Velha não foi incluída no “bloco”? Olhando o Painel Covid, da Secretaria da Saúde, essa dúvida passa a ser baseada nos números levantados pelo próprio governo. Em vários pontos, os números apresentados por Vila Velha se equilibram ou são superiores aos de Vitória e/ou Serra. Vamos a eles…

 

Testar, testar, testar

 

O número de testes passou a ser fundamental na definição da nova matriz de risco. Pois bem: Vila Velha está com o índice de 83,53 testes por mil habitantes. O índice é inferior ao de Vitória (106,35 por mil), mas é superior ao da Serra (81,73 por mil).

 

Letalidade

 

No índice de mortalidade, Vila Velha registra 9,69 óbitos por 10 mil habitantes, Serra tem menos, 8,99 mortes por 10 mil moradores, mas Vitória tem mais: 11,29 pacientes mortos pela covid-19 a cada 10 mil moradores. O índice de letalidade mostra um “empate técnico” entre Vila Velha (3%) e Vitória (2,9%), índices inferiores ao da Serra (3,4%).

 

E a média móvel?

 

O ponto mais importante do mapa de risco é a média móvel de óbitos registrada nos últimos 14 dias. A média móvel de Vila Velha (1,07) está acima de Vitória (1,00) e Serra (0,79). Mas será que de todos esses pontos elencados, a única diferença estabelecida entre as três cidades de forma desfavorável a Vila Velha seja esse 0,7 ponto percentual? Não há um rigor exagerado nessa avaliação, no caso de Vila Velha? Ou houve um relaxamento no caso de Vitória e Serra? Porque a situação entre as cidades não é diferente a ponto de justificar o tratamento desigual. É esperar o próximo mapa de risco para sabermos a evolução das classificações.

 

Na prática, a teoria é outra

 

Mesmo sem autorização oficial, bares e restaurantes passaram a funcionar normalmente em Vila Velha. Mesmo quem obedecia as regras de fechamento, deixou de fazê-lo. Só os shoppings continuam com horários limitados.

 

E a vacina, hein?

 

Afinal, qual foi a “reação adversa” sofrida pelo voluntário do teste com a vacina da AstraZeneca/Oxford, responsável por suspender temporariamente os estudos com o imunizante? Quem explica é Margareth Dalcomo, pesquisadora da Fiocruz, em entrevista para a Globo News: “Nós sabemos que houve um caso de uma manifestação chamada mielite transversa, que é uma manifestação clínica, muitas vezes autoimune, atribuível a várias doenças. É uma manifestação neurológica que pode evoluir com perda temporária, parcial ou grande, afetando a medula humana e isso pode estar ou não relacionado a vacina.”

 

Muita calma nessa hora

 

Além de Margareth Dalcomo, outros pesquisadores alertaram para a normalidade de suspensão em estudos desse tipo: é necessário ter segurança e transparência para dar tranquilidade à população sobre os efeitos da vacina. Aqui, no Brasil, cinco mil pessoas foram vacinadas. Até este momento, não houve nenhuma reação mais séria com nenhum voluntário.

 

Os testes no Brasil

 

Além da vacina “suspensa”, o Brasil é palco de mais três estudos: da Sinovac, chinesa, em parceria com o governo de São Paulo, da BioNTech/Pfizer, alemã-americanca, e da Janssen Pharmaceuticals, norte-americana. Destas, a da Sinovac é apontada como a de estágio mais avançado.

 

Problema 1

 

O presidente Jair Bolsonaro tem um encontro com ele mesmo: até sexta-feira tem de decidir se concede ou não um perdão para as dívidas fiscais de igrejas. O total atinge R$ 1 bilhão. A medida foi aprovada no Congresso e agrada uma boa parte da base eleitoral do presidente. Mas a equipe econômica é contra e recomendou o veto. A palavra final será do presidente.

 

Problema 2

 

A alta de preços ainda não tem uma resposta efetiva do governo. A ministra da Agricultura prometeu não intervir. O presidente apelou para o “bom senso” dos donos de produtores e comerciantes, mas a eficácia desse apelo é zero. Agora, o governo planeja zebrar tarifas para facilitar a importação de alimentos.

 

A afirmação

 

“Tenho conversado com alguns donos de grandes redes de supermercados desde a semana passada, com o presidente da associação também dos supermercados, fazendo um apelo. Nós criamos aí o auxílio emergencial para exatamente poder dar oportunidade para o pessoal que perdeu emprego comer. Ninguém vai usar a caneta Bic para tabelar nada. Mas [estamos] pedindo para eles [para] que o lucro desses produtos essenciais nos supermercados seja próximo de zero”, completou.

(Jair Bolsonaro, falando sobre o aumento dos preços nos supermercados)