O ex-preparador de goleiras do Santos, Fabrício de Paula, foi multado em R$ 20 mil e recebeu 180 dias de suspensão por tentar subornar a goleira Karol, do Red Bull Bragantino, antes do encontro entre os dois times no Brasileirão Feminino, em 19 de junho (partida terminou em 1 a 1). A sentença foi definida nesta sexta-feira, 12, em julgamento da Sexta Comissão Disciplinar, que absolveu em primeira instância o roupeiro Anastácio Rio e o massagista Laudice de Oliveira Ramos, conhecido como Alemanha, ambos ex-funcionários do time de Bragança Paulista e envolvidos no caso. Ainda cabe recurso ao Pleno. Os três acusados foram enquadrados no artigo 242 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que prevê punições para aquele que “der e prometer vantagem indevida a membro de entidade desportiva, dirigente, técnico, atleta ou qualquer pessoa natural mencionada no art. 1º, § 1º, VI, para que, de qualquer modo, influencie o resultado de partida, prova ou equivalente”. O caso foi exposto pelo presidente do Santos, Andrés Rueda, em entrevista coletiva. Na ocasião, ele revelou que um funcionário do clube havia tentado subornar uma atleta do Red Bull em partida do Brasileiro Feminino. Logo em seguida, a diretoria bragantina confirmou a informação e a CBF pediu a abertura de um inquérito ao STJD. Durante o julgamento, a goleira Karol prestou depoimento de forma virtual e deu detalhes de como ocorreu a abordagem de Fabrício de Paula no hotel onde a delegação santista estava hospedada.

“Na noite antes do jogo eu desci para pegar o kit lanche e quando desci no elevador estavam no salão. Desci com a outra goleira e ele perguntou qual das duas ia jogar. Peguei o kit lanche para subir para o meu quarto e eles pediram para eu ficar e conversar. Falei para a outra goleira ficar comigo e ele pediu para ela subir”, contou. Na sequência do relato, a goleira santista revela que Fabrício ofereceu R$ 5 mil para ela sofrer cinco gols na partida contra o time de Bragança Paulista, como forma de concretizar uma aposta feita em conjunto por ele, Anastácio e Alemanha. “Ele falou das formas que eu poderia tomar gol, pra fingir cãibra. Falaram que era um jogo perdido e falou que a arbitragem também estava junto nesse esquema e que iria me ajudar. Pediram a resposta e falaram que era uma coisa séria e que eu tinha que fazer. Me explicou que eram cinco gols na partida e se o Bragantino fizesse um gol eu precisaria tomar quatro, se fizesse, dois eu teria que tomar três. Dei tchau, tiramos uma foto e subi ao meu quarto. Não consegui segurar isso pra mim e liguei pro meu coordenador Gabriel. Ele foi no meu quarto e a gente conversou”, disse a atleta. Os denunciados foram ouvidos separadamente no julgamento e negaram as acusações. Fabrício de Paula disse que teve uma conversa com Karol no salão do hotel, mas o conteúdo foi uma proposta para a goleira se transferir para o Flamengo, clube com o qual ele estava negociando para atuar como preparador de goleiras. O valor, de acordo com Fabrício, seria a quantia que ela receberia no novo clube.