As últimas horas de vida de Valdiram antes de ser assassinado a pauladas na zona norte de São Paulo na madrugada de 19 de abril foram de agressões com chutes, socos, golpes de pedaço de pau e tentativa frustrada de fugir da morte. Imagens de câmeras de segurança, relatos de testemunhas e dos dois suspeitos presos levam a polícia a crer que o ex-jogador do Vasco sobreviveu ao espancamento por mais de três horas até morrer na calçada da rua Santa Eulália.

 

As investigações do crime estão a cargo do departamento de homicídio da Polícia Civil de São Paulo (DHPP). Segundo o delegado que lidera o caso, Vander Cristian Rodrigues, Valdiram começou a ser agredido por volta da meia-noite do dia 19 de abril no bairro Santana, zona norte de São Paulo.

 

As câmeras de segurança do Centro de Controle de Zoonoses registravam 3h54 quando um dos suspeitos é visto andando pela rua com um pedaço de pau em mãos e desferindo golpes contra o ex-jogador. Dois suspeitos, moradores de rua, estão presos suspeitos do crime. Eles e testemunhas ouvidas pela polícia alegam que Valdiram foi morto por ter praticado ato libidinoso contra uma criança de 3 anos.

 

As primeiras agressões: socos e chutes

 

O primeiro suspeito preso é padrasto da criança de 3 anos. Viviam em uma barraca na região ele, a mulher, a criança e a avó da criança. "Ele narrou que é catador de papel. Quando voltou à barraca à noite, por volta da meia-noite de sexta, ele alega que viu o Valdiram dentro da barraca sem roupa e interpretou que estivesse praticando ato sexual contra a criança e por isso iniciaram as agressões. Ele confirma a agressão firme com socos e pontapés", contou o delegado Vander Cristian Rodrigues.

 

As primeiras agressões duraram em torno de 25 minutos e Valdiram teria ficado imóvel próximo à barraca. "O primeiro suspeito relata que Valdiram cai. Depois ele acaba conversando com outro morador da região, o segundo suspeito que também agride o ex-jogador. Ele [Valdiram] retoma as condições e foge", explicou Rodrigues.

 

As pauladas

 

Valdiram foi encontrado morto próximo à barraca onde começaram as agressões, em frente ao Centro de Controle de Zoonoses. "Ele sai do local cambaleando, acho que percorre uns 400 metros e chega na calçada do Centro de Zoonoses, e o segundo suspeito aparece com um pedaço de pau. Ali ele desfere golpes. O segundo suspeito o persegue e desfere os golpes fatais, e vai embora. Foi isso que conseguimos evidenciar nos autos", relatou Vander Cristian Rodrigues. O horário exato que Valdiram chega à calçada do Centro de Controle de Zoonoses não é visto nas imagens das câmeras de segurança obtidas pela reportagem.

 

"Quando a gente vê as imagens, elas não são nítidas até para verificar onde foram os golpes, é impreciso. Mas o exame revela lesões múltiplas pelo corpo. Podem ser pauladas, chutes, agressões anteriores. A causa da morte foi traumatismo cranioencefálico", analisou o delegado.

 

Os suspeitos estão presos temporariamente por 30 dias para a continuidade das investigações. Eles devem ser indiciados por homicídio doloso. Nenhum dos dois tem advogados de defesa.