Não há torcedor que se canse de vencer, isso é certo, mas também é verdade que o rubro-negro sabe que o peso das conquistas da Libertadores e do Brasileiro, há menos de três meses, é muito maior do que o da Supercopa, vencida no último domingo, e o da Recopa, que começa a ser disputada nesta quarta-feira, às 22h30 (horário de Brasília), no Equador, contra o Independiente Del Valle. O segundo e decisivo jogo é na quarta que vem, no Maracanã, onde o Flamengo poderá subir a dois topos de uma vez só: com a taça, se tornará, junto com o São Paulo, o clube brasileiro com mais títulos nacionais e internacionais. O tricolor paulista, porém, orgulha-se de triunfos de maior relevância, afinal, é o único clube brasileiro tricampeão da América e do mundo.

 

Curtos e muitas vezes pouco valorizados, torneios como a Recopa — disputado entre os campeões da Libertadores e da Sul-Americana — e a Supercopa, entre os vencedores do Brasileiro e da Copa do Brasil — ajudam clubes que foram campeões recentemente a somarem mais conquistas. E sem perder o pique. Se vencer o Del Valle no duelo de ida e volta, o Flamengo terá somado quatro troféus à sua galeria em menos de 100 dias.

 

E de grão em grão, o urubu enche o papo. A metáfora com o ditado popular faz sentido: excluindo os estaduais, e contando com os torneios oficiais de elite reconhecidos ou organizados por Fifa, CBF ou Conmebol, o Flamengo tinha 14 títulos quando viajou para Lima, no fim do ano passado, quando foi disputar a final da Libertadores contra o River Plate. Voltou com o troféu na mão, conquistou o Brasileiro no dia seguinte e a Supercopa no domingo passado, chegando a 17 conquistas, mesmo número de Cruzeiro, Santos e Palmeiras e um a menos que o São Paulo. Vencer a Recopa é se tornar líder numérico desse ranking junto com o time paulista, cujas conquistas são mais expressivas.

 

Como em todo ranking, há polêmicas. O levantamento não conta os dois títulos de Série B do Palmeiras, o que colocaria o alviverde na liderança. O título brasileiro de 1987 do Flamengo entra na lista, apesar da decisão do Supremo Tribunal Federal que reconhece o Sport como campeão. Em novembro, porém, a CBF disse em comunicado que “considera que o Flamengo é merecedor da designação de heptacampeão brasileiro”, o que já parece o suficiente para as duas equipes ganharem mais um troféu na lista.

 

Jesus tenta o tetra

 

Alheio ao passado, Jorge Jesus começa a responder com taças a pergunta se é o maior treinador da história do Flamengo. Se vencer a Recopa, o técnico se torna o comandante que mais troféus conquistou na história do Flamengo, seguindo os mesmos moldes de torneios oficiais de abordagem nacional e internacional. Atualmente, Jesus está empatado na liderança com Carlinhos e Carpegiani (três títulos cada). O gringo pode levar o Fla ao primeiro título internacional conquistado no Maracanã, local do jogo da volta.

 

Contando toda a história de títulos do Flamengo, Jesus pode, ainda no primeiro semestre, garantir seu lugar no pódio. Se for campeão da Recopa e do Carioca, o técnico chega a cinco títulos pelo clube, mesmo número de Flávio Costa (penta estadual entre 1939 e 1963) e um atrás de Carlinhos, que tem uma Mercosul, dois Brasileiros e três Cariocas. Detalhe é que Costa dirigiu o Flamengo em 765 partidas. Carlinhos em outras 313. Jorge Jesus comanda hoje o Flamengo pela 44ª vez.