O atacante Robinho está com a carreira paralisada até o dia 10 de dezembro. O jogador de 36 anos vai aguardar a audiência no Tribunal de Apelação de Milão, que analisa o recurso dos seus advogados contra a condenação a nove anos de prisão, em primeira instância, por participação em um estupro coletivo na Itália, para conversar com clubes que eventualmente se interessem por sua contratação e definir seu futuro no futebol.

Neste momento, dificilmente algum clube brasileiro da elite abriria conversações com o jogador após a suspensão do contrato com o Santos. Após a enorme repercussão negativa de sua contratação, com quebra de contrato de patrocinadores e protestos dos torcedores nas redes sociais, o atacante tem mercado restrito. O que está em xeque é a própria continuidade da carreira do atacante e os desdobramentos da decisão da Justiça italiana sobre seu futuro.

Depois de defender o Istanbul Basaksehir, da Turquia até agosto deste ano, o atacante estava livre no mercado. O retorno para a quarta passagem pelo Santos parecia encaminhar um final de carreira tranquilo, no clube que o projetou. Pelo clube, Robinho conquistou os títulos brasileiros de 2002 e 2004, além da Copa do Brasil de 2010 e os Paulistas de 2010 e 2015. 

Uma das estratégias é a possibilidade de o atacante se apresentar pessoalmente ao Tribunal de Apelação de Milão, na Itália. O atleta não é obrigado a estar presente. Pela lei italiana, a ausência física não pode ser interpretada como admissão de culpa. Por isso, o jogador não participou do primeiro julgamento, em 2017, quando foi representado pelos antigos advogados. A presença (se confirmada) está inserida na estratégia da defesa de destacar a cooperação do ex-jogador do Santos com a justiça italiana.

“Robinho nunca se esquivou das investigações, como evidenciado pelo fato de ter se apresentado ao Ministério Público e proferido as suas declarações, apesar de a lei italiana lhe reconhecer o direito de permanecer calado”, diz nota dos advogados italianos Alexander Guttieres e Franco Moretti, que assumiram o caso após derrota em primeira instância.

A advogada brasileira do jogador, Marisa Alija, preferiu não se manifestar sobre o caso. Ao Estadão, ela afirma que “os julgamentos devem ser realizados nos tribunais e não da mídia, o que nunca traz vantagens para a justiça”.

O advogado criminalista Felipe Almeida, especialista em Processo Penal, pós-graduado em Direito Penal Econômico e Europeu, explica que Robinho não corre risco de ser preso se desembarcar em solo italiano. “Em relação à justiça penal, tanto no Brasil como na Itália, o jogador será considerado inocente até o último recurso cabível contra a sentença condenatória. Segundo o princípio da presunção de inocência, somente ao final do processo, com sentença condenatória definitiva (com o trânsito em julgado), ele será considerado culpado”, explica o especialista.

Outros especialistas entendem que ele poder ter uma prisão preventiva decretada se a justiça italiana entender que oferece algum risco para a sociedade ou ordem pública estando livre na Itália.