O Palmeiras está de vez na briga pelo título do Campeonato Brasileiro. A vitória fácil por 3 a 0 sobre o Athletico-PR deixou o time com 37 pontos, cinco a menos do que o líder Atlético-MG, que tem um jogo a mais (23 a 22). Tão importante quanto o resultado obtido no Allianz Parque foi a maneira como o time o conquistou.

O técnico Abel Ferreira pôde contar com a volta de alguns jogadores (Luan Matías Viña, Gabriel Veron), mas ainda tinha uma série de desfalques importantes, por lesão ou Covid-19 (Willian, Luiz Adriano, Raphael Veiga). As ausências foram bem substituídas, e o Palmeiras não correu um minuto sequer de risco ante o Furacão.

É verdade que o Athletico-PR chegou desfigurado ao Allianz Parque, castigado por um surto de Covid-19 que impediu 11 jogadores de atuar. O técnico Paulo Autuori escalou o time possível. Mas o próprio Palmeiras tem um exemplo recente: em 23 de setembro, o time recebeu um Flamengo também dizimado pelo coronavírus, mas não passou de um empate por 1 a 1, com uma atuação apática.

É uma covardia comparar as duas exibições do Palmeiras, aquela sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, a deste sábado já com Abel Ferreira. Sob qualquer ponto de visita – técnico, tático, anímico – é notável a evolução do Palmeiras. Por mais que o técnico português atribua os resultados apenas aos jogadores, seu trabalho (assim como o de seu antecessor, o interino Andrey Lopes) deu resultado.

O que deu certo

 

Quando Matías Viña foi convocado pela seleção uruguaia no começo de novembro – e, depois, quando foi diagnosticado com Covid-19 – a solução encontrada por Abel Ferreira foi improvisar Gustavo Scarpa como lateral-esquerdo. Não foi um movimento inédito na carreira do meia, mas foi o que mais deu certo. Scarpa se sentiu à vontade na posição, fez gols, funcionou.

Contra o Athlético-PR, Abel Ferreira teve os dois à disposição e os escalou juntos. Viña como lateral, na linha de quatro da defesa, e Scarpa como um ponta aberto pela esquerda no 4-2-3-1. Em sete minutos, a parceria funcionou: Viña tomou a bola do rival no campo de ataque do Palmeiras, deu a Scarpa, que avançou e encontrou Lucas Lima no centro do ataque. Dele saiu o passe para o gol de Patrick de Paula.

A presença de Rony como centroavante foi outro acerto. Sem Willian (com Covid-19) e Luiz Adriano (ainda lesionado), o técnico voltou a escalar o ponta pelo centro do ataque. Com sua mobilidade, Rony abriu espaço para a infiltração de Patrick. Com um senso de colocação na área – qualidade que pouca gente via no atacante – ele marcou os dois dois gols.

 

 

O que deu errado

 

Quase nada, na verdade. A fragilidade do Athletico permitiu ao Palmeiras jogar mais à vontade e praticamente descansar para a maratona que é disputar três competições ao mesmo tempo (tem ainda Libertadores e Copa do Brasil). O que talvez tenha faltado ao Palmeiras foi aproveitar mais as oportunidades claras que foram criadas.

O Athletico escapou de terminar o primeiro tempo perdendo por goleada – foi para o intervalo perdendo por 2 a 0. O terceiro gol de Palmeiras saiu logo nos primeiros minutos do segundo tempo, o que terminou por encerrar qualquer esboço de reação por parte do clube paranaense. Talvez o jogo fácil tenha contribuído para uma natural desmobilização do Palmeiras nos minutos finais, quando ficou claro que uma vitória por mais gols estava à mão.

Rony se livra da marcação do Athletico-PR — Foto: Marcos Ribolli

Rony se livra da marcação do Athletico-PR — Foto: Marcos Ribolli

 

Próximos passos

 

Na próxima quarta-feira, o Palmeiras enfrenta o Delfín pelas oitavas de final da Copa Libertadores. O Verdão venceu o jogo de ida por 3 a 1, no Equador, e não deve ter dificuldades para garantir a vaga nas quartas de final. O zagueiro Renan e o lateral direito Marcos Rocha testaram positivo para a Covid-19 e desfalcam o time. Luiz Adriano também está fora, para tratar de uma lesão na coxa esquerda.

 

Na próxima rodada do Campeonato Brasileiro, o Palmeiras visita o Santos na Vila Belmiro. Os dois times têm o mesmo número de pontos (37) embora o Santos tenha um jogo a mais (23 a 22). Abel Ferreira não terá o lateral-direito Gabriel Menino e o volante Danilo, que levaram o terceiro cartão amarelo e cumprem suspensão.

O Palmeiras também está vivo na Copa do Brasil. Mas os jogos contra o América-MG, pela semifinais, ainda estão longe: nos dias 23 e 30 de dezembro.