Uma simples cirurgia no joelho, que deixaria Jean-Pierre Adams fora dos gramados por alguns meses, acabou se tornando um pesadelo. O motivo foi a dose do anestésico antes do procedimento que deixou o então jogador em coma.

Agora, 39 anos depois, Adams continua em estado vegetativo ainda na companhia da sua esposa, Bernadette, conforme apuração do jornal inglês The Sun.

O Início

Natural de Dakar, no Senegal, Jean-Pierre nasceu em 1948, mas, assim como muitos de ex-colônias francesas, imigrou para a França em busca de um futuro melhor.

A carreira profissional de Adams começou em 1970 no modesto Nimes, da França. Aos poucos, ele foi se destacando, inclusive ajudando o time a conquistar o segundo lugar na primeira divisão do Campeonato Francês na temporada 1972-73, além de chegar às semifinais da Copa da França.

A convocação para a seleção francesa veio em 1972 e, posteriormente, a transferência para o Nice. O meio-campo atuaria no time do sul da França por quatro anos contabilizando 144 jogos.

Transferência para o Paris Saint Germain

Recém-fundado, o PSG contratou Adams, aos 29 anos, após o destaque do jogador. Pela equipe da capital francesa, ele marcou dois gols e jogou 42 partidas. O acordo com o time foi considerado o último grande contrato de Jean.

O senegalês ainda atuou pela segunda divisão francesa e encerrou a carreira profissional aos 33 anos atuando pelo time amador FC Chalon.

A cirurgia

Com uma lesão de ruptura de ligamento, Adams foi internado no Hospital Édouard Herriot, em Lyon, em 1982. A princípio, a cirurgia que parecia simples acabou se tornando um verdadeiro pesadelo.

O erro de um anestesista ao aplicar uma dose errada antes da cirurgia fez com que o atleta sofresse um broncoespasmo, o que deixou seu cérebro sem oxigênio. Com isso, o atleta saudável entrou em coma.

Como punição, o anestesista, que não teve o nome revelado, foi suspenso por um mês na década de 90 e recebeu uma multa pesada.

Parceira

Hoje com 73 anos, Adams conta com a companhia da esposa Bernadette Adams que permanece ao lado dele após todos esses anos. Sem conseguir expressar o que está sentido, quanto menos se comunicar, Jean-Pierre respira, sente estímulos e come sem a ajuda de aparelhos.

Atualmente ele reside em sua casa próximo da cidade francesa de Nimes, onde sua carreira profissional começou.

“As pessoas no Facebook dizem que ele deveria ser desconectado… Mas ele não está conectado! Eu simplesmente não tenho coragem de parar de dar-lhe comida e água”, revelou Bernadette.

“Ele tem uma rotina normal. Ele acorda às 7, come… Ele pode estar em estado vegetativo, mas pode ouvir e sentar em uma cadeira de rodas”, completa.

Em alguns casos deste tipo, algumas pessoas entendem que a eutanásia pode ser uma possibilidade para por fim ao sofrimento de Adams. No entanto, a esposa do ex-jogador não considera a sugestão nem por um minuto.

Um ex-companheiro dos gramados de Jean não concorda com a posição de Bernadette.

“Mesmo que Jean-Pierre acordasse, ele não reconheceria ninguém. Então, vale a pena viver assim?, questiona o ex-defensor Tesor.

“Se algo semelhante acontecesse comigo, eu disse à minha esposa para não me manter aqui”, completa.

De acordo com o Paris United, Tresor não teve coragem de visitar seu ex-companheiro de equipe desde o terrível incidente.