A primeira partida entre Sesc-Flamengo e Osasco na temporada 2021/22 é mais um capítulo do clássico que dominou a Superliga feminina de vôlei nas duas últimas décadas - os dois times disputaram 11 finais desde 2004, mas, nas últimas duas edições, Minas e Praia Clube foram as equipes a disputar as decisões. Rio x Osasco marcou o confronto de duas jogadoras que fizeram a história como líberos: Fabi, ex-jogadora do Rio, hoje comentarista da Globo, e Camila Brait, líbero do time paulista há 13 anos. Em entrevista ao ge, as medalhistas olímpicas frisaram que “Rio x Osasco vai ser sempre Rio x Osasco”.

A partida entre Sesc-Flamengo e Osasco será realizada na noite desta sexta-feira, às 21h, no Tijuca Tênis Clube. O SporTV2 fará a transmissão.

O jogo vai contar com torcida, permitida após 20 meses de proibição por conta da pandemia do coronavírus. Para Fabi, a Superliga hoje tem no cenário um poderio mineiro no feminino.

- Independentemente dos elencos, independentemente dos investimentos, hoje a gente vê uma Superliga mais equilibrada e os times de Minas investindo mais, tendo seus elencos com mais possibilidades. Só pegar as últimas edições que gente vê quem são os finalistas, quem vem brigando pelos principais títulos da competição - destaca Fabi, bicampeã olímpica em Pequim 2008 e Londres 2012.

A comentarista reconhece que, hoje, Sesc-Flamengo e Osasco estão abaixo de Minas e Praia Clube.

- É um clássico que entra para história, né? Mais de uma década onde esses times se revezaram. Tinha toda uma rivalidade envolvida, uma rivalidade entre estados, entre grandes patrocinadores e que parou o Brasil em muitas oportunidades. Isso fica pra história. Isso é grandioso demais, a gente imaginar que esse clássico está entre os clássicos da história do vôlei, se a gente imaginar as vezes que se repetiram e, de forma recorrente em decisões. E é realmente um jogo que mexe, um jogo diferente. É lógico que como eu disse, hoje eles estão um pouco abaixo, existem elencos que conseguiram se estruturar melhor, que é o caso do Minas e do Praia, com maior investimento – analisou Fabi.

Medalhista olímpica de prata em Tóquio 2020, Camila Brait vê equilíbrio nesta temporada.

- Ah, eu acho que Osasco x Rio vai ser sempre Osasco x Rio, não importa a circunstância, não importa o time, não importa o investimento. A gente sempre quer ganhar do Rio, porque acho que na maioria dos clássicos a gente acabou levando desvantagem - lembra a líbero do Osasco. - Então, a gente sempre vai encarar um jogo contra o Rio um jogo muito bom e um jogo muito pegado, ainda mais agora essa temporada que está todo mundo muito equilibrado e está no começo da temporada. Este ano está um pouco diferente, a tabela deu uma mexida, aí a gente está encontrando os confrontos teoricamente diretos logo nas primeiras rodadas. A gente pega o Praia na terça que vem. Então, a gente vai com tudo, tentar ganhar para pegar ritmo e fazer uma boa competição – disse Camila Brait.

A hegemonia dividida por Rio e Osasco chegou ao fim na temporada 2016/2017 – última vez que as equipes se encontraram na final. Das 11 decisões, a equipe de Bernardinho saiu com a medalha de ouro oito vezes.

- Acho que eu já até perdi as contas de quantas finais a gente já jogou contra o Rio, né? Rio e Osasco sempre foi um clássico, desde que eu comecei a disputar a final, desde quando eu era novinha e eu acho que vai ser assim pra sempre. Mesmo o Minas e o Praia hoje tendo o maior investimento, sempre chegando às finais da Superliga, de Sul-Americano e de todos os campeonatos, esse também vai ser um grande clássico. Acho que o torcedor que é um pouquinho mais velho sempre vai encarar isso como um dos maiores clássicos do vôlei, mas a gente sabe que hoje os maiores investimentos são do Praia e do Minas – disse Camila Brait.

 

Inspirações

 

O jogo também será o primeiro entre Rio e Osasco com uma líbero, de fato, como capitã. Pela primeira vez, a Superliga terá uma defensora com a braçadeira no braço, já que não era permitido até o início desta temporada uma líbero como capitã. Aos 33 anos e com o escudo do Osasco carregado no peito, Brait revelou se inspirar na ex-rival Fabizinha para se tornar uma líder dentro de quadra.

- Eu sempre me inspirei muito na Fabizinha, né? Porque a Fabizinha ela tem uma coisa que sempre me chamou muita atenção, fora o voleibol, que pra mim ela foi a maior da história, a melhor líbero do mundo disparada. Ela é muito líder dentro de quadra, então assim, isso eu sempre tentei fazer igual, mas eu tinha um pouco de dificuldade, eu falava pouco, eu era meio acuada dentro de quadra e acho que isso eu tenho ganhado ao longo dos anos.

Camila Brait projeta como será a nova função de capitã.

O Luizomar tem me incentivado bastante e hoje acho que sou outra atleta, principalmente depois que eu tive a Alice, que fui mãe, acho que eu dei uma boa evoluída. Veio numa hora boa assim pra mim, não vai mudar muita coisa porque eu nos últimos anos estou tentando ao máximo comandar o fundo de quadra da melhor maneira possível, então acho que não vai mudar muita coisa. Vou continuar tentando fazer meu trabalho ajudando as meninas, organizando o time da melhor maneira possível e agora pelo menos dá pra brigar com o juiz – brincou a número 18 do Osasco.