A Gazeta 19/05/2022

Coluna Leonel Ximenes

O salário não é revelado oficialmente, mas fica na
casa dos R$20 mil, segundo a imprensa nacional,
podendo chegar, em
"ocasiões especiais", a bem
mais que esse valor. Não precisa sair de casa em
casa pedindo votos; o mandato é longo (quatro
anos) e não tem oposição institucionalizada para
cobrar nada. E o resultado da gestão não precisa
nem ser tão bom assim.
Chega de mistério: estamos falando da eleição para
a presidência da Federação de Futebol do Espírito
Santo, que será realizada no dia 9 de junho. Um
candidato pelo menos já está confirmado: é o atual
presidente da FES, Gustavo Vieira, que tentará a
reeleição para o cargo que ocupa desde 2015. A
inscrição de chapas vai até 30 de maio.
Se vencer o pleito, Vieira ficará no comando da
federação pelo menos de 2023 a 2027, ou seja,
serão 12 anos de poder ininterrupto no comando do
(combalido) futebol capixaba. O colégio eleitoral é
formado por 33 clubes, associações e ligas com
direito a voto.

A presidência da Federação de Futebol vai muito
bem, obrigado, mas cercada por um futebol que vai
muito mal. Os clubes capixabas, há anos, amargam
a Série D do Brasileirão; na Copa do Brasil, mal
conseguem passar das fases iniciais da
competição. O público, obviamente, continua
afastado dos estádios.

E o salário do presidente da FES? Não é nada mal,
ainda mais com a ajuda providencial da
Confederação Brasileira de Futebol (CBF),que
costuma ser mais generosa com os aliados nos
Estados quando a entidade vive períodos de
sucessão em seu comando.
Aconteceu no ano passado. Segundo vários
veículos da imprensa nacional, em agosto do ano
passado a CBF passou de R$ 20 mil para R$ 50 mil
a remuneração dos presidentes de federação pelo
pais afora. Não foi uma bondade gratuita: são esses
dirigentes estaduais que votam na Assembleia
Geral e nas eleições da CBF.

De acordo com reportagem do jornal O Globo, além
do aumento dessa verba - apelidada de
"mensalinho" pelos próprios cartolas que a
recebem -,a CBF também reajustou o valor
enviado para cada federação - de R$ 85 mil para R$
100 mil por mês. O uso desse dinheiro é justificado
como "fomento ao futebol nos Estados".
Reportagens na imprensa nacional mostraram que
quando vieram à tona denúncias de assédio sexual
contra o então presidente da CBF, Rogério Caboclo
o salário dos presidentes de federações estaduais
chegou a saltar mais de dez vezes. Entre janeiro e
dezembro de 2021. o salto foi de R$20 mil, no início
do ano, para R$ 215 mil, no último mês de gestão do
então chefão do futebol brasileiro.

Ou seja, para ter um maravilhoso salário como
presidente de federação de futebol não precisa
nem marcar gol; basta jogar na retranca para
garantir o "bicho" (gordo). É ou não um emprego
dos sonho!


"Marcus Vicente, ex-deputado federal e atual Secretário de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano é o preposto das mazelas da Federação de Futebol Capixaba (FES) desde o tempo de "Charles Miller" . Trata-se de uma organização vitalícia com sociedade oculta do bônus e os clubes com o eterno ônus. Por isso, os capixabas estão na série "E" e nunca sai de lá! Lamentável esse clubismo de "mensalistas" com "rachadinha".  (FOLHA DO ES).