No dia seguinte à ceia de Natal, além da ressaca, um sintoma comum a quem exagerou na comilança é a azia. O problema é muito comum e pode ter vários responsáveis: consequência de refluxo gastro-esofágico ou gastrite, alimentação errada, nervosismo ou até mesmo o uso de roupas muito justas, que acabam prejudicando a digestão dos alimentos. Nas mulheres, o sintoma pode estar associado, ainda, à gravidez.

Independente da causa, o tratamento para a azia mais comum é feito com antiácidos para diminuir a acidez do estômago e mudança nos hábitos alimentares. Apenas em casos raros indica-se cirurgia para resolver o problema. No entanto, se as causas não forem identificadas, podem se tornar um problema mais grave: por isso, se a azia for persistente, é necessário procurar um gastroenterologista.

 

Veja as causas que justificam a queimação:

 

1. Refluxo
No refluxo gastroesofágico ocorre o retorno involuntário do conteúdo do estômago para o esôfago, causando um desconforto intenso por se tratar de algo muito ácido. O sintoma mais comum nesses casos é a azia, além de dor intensa na região do tórax, parecida com a dor do infarto ou angina, tosse seca e, até mesmo problemas respiratórios como asma e pneumonia.

O que fazer: algumas medidas simples podem ser tomadas para aliviar o desconforto, como evitar deitar logo após comer, dormir com a cabeceira elevada, e ter alguns cuidados com a alimentação, evitando o consumo de café, álcool, alimentos gordurosos e bebidas ácidas, por exemplo.

 

2. Hérnia de hiato
A hérnia de hiato é um problema que facilita o refluxo e, por isso, é outra das principais causas da azia constante. Normalmente a hérnia é mais comum em pessoas com excesso de peso, fumantes, ou que praticam exercício físico em excesso.

Os sintomas são leves e muito parecidos com os de refluxo, incluindo indigestão principalmente quando a pessoa se deita após comer, e pioram quando o paciente se inclina, faz esforços ou levanta objetos pesados.

O que fazer: é aconselhado comer devagar e mais vezes ao dia, evitar refeições pesadas pelo menos duas horas antes de dormir, deitar com a cabeceira da cama elevada, evitar alimentos gordurosos, ácidos, álcool, cigarros e, em casos de sobrepeso ou obesidade, é aconselhada a perda de peso.

 

3. Gastrite
A gastrite é a irritação ou inflamação que ocorre no estômago causada por infecções, estresse, alergias, uso de alguns medicamentos ou alteração no sistema imune. Os sintomas dependem do tipo da doença: podem ser dor e desconforto abdominal, náuseas e vômitos, indigestão ou sensação de estar cheio mesmo após uma refeição pequena.

O que fazer: é indicado diminuir o consumo de alimentos que aumentam a acidez no estômago, como comidas apimentadas, álcool, café, alimentos gordurosos ou leite puro. É importante ainda evitar ficar muito tempo em jejum, pois nesses casos há um maior acúmulo de ácido gástrico no estômago, o que piora a inflamação. O uso de medicação que diminui a produção de suco gástrico, como antiácido por exemplo, também é indicado.

 

4. Esofagite
A esofagite é uma inflamação que ocorre no esôfago, muitas vezes devido a reações alérgicas. Os sintomas são muito parecidos aos da gastrite, mas além desses também podem surgir dificuldades para engolir, perda de apetite, e uma sensação de que os alimentos ingeridos ficam presos na garganta, não completando o caminho até o estômago como deveriam.

O que fazer: o uso de remédios com corticoides ajuda a revestir o esôfago e controlar a inflamação provocada e por isso, caso se suspeite de esofagite, deve-se consultar um gastroenterologista. Além disso, é preciso identificar o tipo de alimento que provocou a alergia e retirá-lo por completo da alimentação. Alguns ajustes na dieta, como eliminar alimentos com farinha de trigo, leites e derivados, frutos do mar, frutos secos, ovos e soja, também devem ser feitos.

 

5. Gravidez
Nas grávidas a azia pode estar presente desde o início da gestação por causa da alteração hormonal e pelo crescimento da barriga. Com o aumento da produção do hormônio progesterona ocorre também, sem querer, o relaxamento da musculatura do estômago fazendo com que os ácidos subam para o esôfago, causando a sensação de azia constante.

O que fazer: é recomendado alimentar-se com mais frequência, comer porções menores mais vezes ao dia, evitar beber líquidos durante as refeições, não se deitar imediatamente depois de comer e usar roupas confortáveis.

 

6. Intolerância alimentar
A intolerância alimentar é uma dificuldade que o organismo apresenta para digerir determinados alimentos, como na intolerância à lactose ou ao glúten. A digestão é mais lenta porque o corpo já não tem tantas enzimas responsáveis por degradar certos nutrientes e, com isso, há um acúmulo desses nutrientes no estômago causando desconfortos gástricos: cólica, náusea, diarreia, dores de cabeça e azia são alguns exemplos.

Também é muito comum nas pessoas que têm intolerância alimentar sintomas associados como inchaço e dores abdominais, cansaço excessivo, coceira ou manchas na pele.

O que fazer: é importante identificar o tipo de alimento que está causando a intolerância, para isso pode ser feito um diário alimentar, onde se registra tudo que se comeu e os sintomas. Assim que identificado o alimento, é importante o cortar por completo da alimentação. Outra forma de aliviar os sintomas da intolerância alimentar é o uso de remédios com enzimas que ajudam na digestão.

 

7. Uso de roupas apertadas
O uso de roupas desconfortáveis e apertadas pode fazer com que o estômago fique pressionado, e permita que os ácidos gástricos subam para o esôfago, causando refluxo e a azia.

O que fazer: é interessante optar pelo uso de roupas leves e confortáveis, que não pressionem muito a região da barriga.

 

Quando ir ao médico
A azia constante pode se tornar algo mais sério quando as suas causas não são identificadas. Nos casos de sintomas mais sérios, como inchaço e desconforto abdominal, tosse com sangue e forte dor no peito, por exemplo, é indicado consultar um gastroenterologista para confirmar do que se trata e indicar o melhor tratamento a seguir.