Atitudes que soam como corriqueiras para muita gente, como abrir uma janela para deixar a luz do sol entrar em casa ou se levantar da cama para o começo de um dia rumo ao trabalho, podem ser um grande desafio para pessoas que lidam com crises de ansiedade e quadros de depressão.

Com a pandemia, esses casos se agravaram ainda mais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) houve um aumento de 25% na prevalência de ansiedade e depressão em todo o mundo¹.  Ainda de acordo com a instituição, o Brasil lidera o ranking de casos de depressão na América Latina - mais de 11,5 milhões de brasileiros sofrem com a doença - e ocupa o topo do mais ansioso do mundo - cerca de 19 milhões de pessoas têm transtorno de ansiedade no país².

Com a chegada de mais um Setembro Amarelo é importante ressaltar que se algo não está bem com a nossa saúde mental podemos buscar ajuda especializada. Aceitar que ir ao psiquiatra ou psicólogo será fundamental para se recobrar o equilíbrio mental e possibilitar que de forma mais breve voltemos a nos sentir bem. Convivemos ainda com o preconceito e o estigma a respeito de questões que envolvam a saúde mental, assim aceitar buscar ajuda especializada é um passo muito importante.

Entender que pequenas ações devem ser consideradas como conquistas diárias para quem precisa cuidar da saúde mental. E não se cobrar demais, em momentos que não conseguimos desempenhar nossas atividades do dia a dia. Saber que isso irá passar e que o caminho para o bem-estar é uma construção. E que a prevenção precisa partir de reações positivas na vida das pessoas.

Poder falar sobre como nos sentimos nos faz bem! Nos GAO’s - Grupos de Apoio Online da ABRATA - Associação Brasileira de Amigos, Familiares e Portadores de Transtornos Afetivos, pacientes e familiares encontram um espaço de trocas de experiências e vivências entre iguais, com uma escuta ativa e empática, sempre num ambiente de acolhimento e respeito. Com esse compartilhar, as pessoas logo percebem que não são as únicas a atravessar dificuldades, surgindo a sensação de pertencimento e uma rede de apoio se estabelece e que muito contribui com a melhora gradativa das pessoas.

Em um mundo que ainda vive sob o estado pandêmico, sabe-se que muitas famílias foram afetadas pelas consequências do isolamento social e das restrições impostas para frear o avanço do vírus. Crianças se alfabetizam com atraso, trabalhadores acumularam mais funções do que deveriam e outros perderam o emprego. Isso tudo abriu espaço para outros problemas, fazendo com que a saúde mental ficasse mais em evidência.

E como podemos ter cuidados diários para melhorar a saúde mental? Algumas sugestões, como ter uma rotina de vida, com cuidados com o corpo e a mente, respeitando as horas de sono, buscando uma alimentação equilibrada e saudável, incluir práticas de atividades físicas e de lazer regulares, tomar sol, fazer caminhadas.

Não existe uma fórmula mágica que sirva para todas as pessoas. O que é uma conquista diária para uns, pode não ser para outros. Assim buscar construir o seu próprio ritual de cuidados com a saúde mental com coisas que goste e te façam bem.

*Marta Axthelm é presidente da ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos)

Referências

  1. Pietrabissa G, Simpson SG. Psychological Consequences of Social Isolation During COVID-19 Outbreak.  Front Psychol. 2020 Sep 9;11:2201.
  2. Organização Mundial da Saúde. Disponível em https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/W?sequence=1. Acesso em  20/07/2022 às 8h42.