Em tempos de pandemia do novo coronavírus, a recomendação de especialistas e autoridades da saúde é para, quem puder, ficar em casa. Mas e quem não tem casa?

"Já são invisíveis para a sociedade no estado que eles estão. Imagine agora, com esse surto desse vírus, estão mais invisíveis", lamenta a comerciante Gislaine Honorato, que em uma avenida de Limeira (SP) instalou um varal no qual pendura lanches para moradores de rua se alimentarem.

Essa foi a alternativa encontrada por ela e outros voluntários para manter um projeto social que integram há seis anos e que, durante a pandemia, teve de suspender a entrega de sopas diretamente às pessoas auxiliadas, como prevenção à propagação da Covid-19.

"Juntos Para o Bem" tem hoje 30 voluntários, entre colaboradores e atuantes, e trabalha em duas frentes: além do auxílio a pessoas sem casa, levam mantimentos a famílias de baixa renda.

Em meio ao isolamento social, no entanto, ela vê a situação dos moradores de rua ainda mais em evidência. "Eles reclamam que as pessoas querem ainda mais distância deles agora".

O varal foi criado a partir de uma outra ação desenvolvida pelos voluntários, na qual roupas de frio foram penduradas em uma árvore para que fossem retiradas por quem precisava.

"Para alguns, é a primeira alimentação que vão ter durante o dia. Um vai avisando o outro e aí eles vêm para comer. A necessidade maior é essa: fome, né. Só quem sentiu fome sabe o que é isso", reflete a comerciante.

A nova iniciativa do grupo gerou repercussão, o que já resultou em uma doação de R$ 500, o que custeia uma semana de distribuição dos sanduíches, que são feitos com pão e recheios de mortadela ou presunto e queijo.

Além do alimento, a pessoa auxiliada recebe uma mensagem de esperança. "Escrevo nos saquinhos [embalagens dos lanches] frases como 'tenha fé', 'tudo vai passar', 'confie em Deus' e coloco lá para eles pegarem", detalha a voluntária.