Quase dois anos depois do crime ambiental de Brumadinho, equipes do CBMMG (Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais) encontraram mais um corpo entre as vítimas do rompimento da barragem de Córrego do Feijão. O fragmento foi encontrado na região chamada de Esperança II, que fica a cerca de 2,4 quilômetros da barragem e é determinada como ponto de grande probabilidade de localização das 11 joias – como os próprios familiares e os bombeiros chamam as pessoas desaparecidas, em ironia a uma desastrosa declaração da presidência da Vale – ainda perdidas no mar de lama de rejeitos da mineradora.

De acordo com o major Josias Soares de Freitas Júnior, do Corpo de Bombeiros, as equipes encontraram “importante parte de um corpo, que pode ajudar na identificação de uma das joias ainda não localizadas”. Os militares esclareceram ainda que há uma grande possibilidade de essa ser uma nova identificação, “tendo em vista o grau de integridade do segmento”. Ainda não é possível, contudo, determinar se o corpo é de uma das vítimas ainda não localizadas. Oficialmente, os números permanecem os mesmos – 11 pessoas desaparecidas – e só serão alterados após a confirmação oficial da perícia da Polícia Civil.

Reta final

Os trabalhos do Corpo de Bombeiros em Córrego do Feijão foram interrompidos no dia 21 de março, por causa da pandemia do novo coronavírus, e permaneceram assim durante cinco meses, aumentando a angústia das 11 famílias que não puderam se despedir de seus entes queridos. As buscas foram retomadas no fim do mês passado e, desde então, vários fragmentos já haviam sido encontrados, mas esta é a primeira vez que uma parte significativa de um corpo é localizada.

Ainda no início do mês, os militares já haviam encontrado, também na área Esperança II, a caminhonete que aparece nas imagens do momento em que a barragem se rompe e que foi estratégica para a operação.

O último sábado (25) marcou 20 meses desde que a barragem B1, da mina Córrego do Feijão, se rompeu, deixando 270 pessoas fatalmente soterradas e impactando indiretamente outros 34 mil habitantes da cidade. Desde então, mesmo com um trabalho exemplar do Corpo de Bombeiros, o mar de lama, que poderia ter sido evitado pela Vale, ainda assombra as famílias que permanecem sem respostas.