Ainda pouco conhecidos, os enólogos têm papel fundamental para a qualidade do vinho produzido. Os profissionais são responsáveis por todo o processo de desenvolvimento da bebida, determinando os procedimentos mais adequados de acordo com aos frutos que tem à disposição. 

De acordo com a Associação Brasileira de Enologia (ABE), até maio 2019, o Brasil contava com um pouco mais de 1700 associados formados em enologia, curso reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC).

Vinícius Corbelline é enólogo. Foto: Arquivo pessoal

Vinícius Corbelline é especialista em enologia e possui uma vinícola em Santa Teresa. O profissional destaca a importância da profissão. “O trabalho do enólogo é ser o maestro que conduz a matéria prima da região ao equilíbrio perfeito. O enólogo observa e analisa bem a matéria prima que ele vai trabalhar e escolhe os procedimentos mais adequados para ter essa excelência do vinho”, ressalta.

De acordo com ele, o profissional participa de todos os processos de elaboração do vinho, desde a parreira. A escolha de uma estratégia adequada vai depender da matéria prima disponível. “Tem regiões que vão ser mais propícias para o vinho espumante, por exemplo”, conta.

O capixaba Douglas Chamon é formado em enologia pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul, estado onde mora e atua enólogo. De acordo com ele, a quantidade de profissionais formados no país está relacionada à procura pela atividade. “A formação do enólogo depende de uma demanda do próprio mercado. Há pouquíssimas regiões que se produzem uvas de maneira específica para a elaboração de vinhos, onde vai ter a necessidade de um profissional técnico, entre eles, o enólogo”, enfatiza.

Para o profissional, isso também explica a pouca quantidade de cursos superiores de enologia no país. “Em geral, o curso superior é oferecido quando a demanda começa aumentar em determinada região”, ressaltou.

Espírito Santo contará com o primeiro curso de enologia

A Escola Superior São Francisco de Assis (Esfa), em Santa Teresa, vai ofertar o primeiro curso de Viticultura e Enologia do Espírito Santo. O início está previsto p fevereiro de 2021 e terá a duração de 3 anos, sendo ofertado no período noturno.

Os alunos contarão com aulas teóricas no Ambiente Virtual de Aprendizagem e aulas práticas em campo. De acordo com a Esfa, o curso será ofertado por causa do desenvolvimento crescente da produção de uva e vinho na Região de Santa Teresa.

O Diretor Geral da ESFA, Frei José Wiliam Corrêa de Araújo, destaca que a oferta do curso possibilita a profissionalização dos empreendedores da região que atuam na área. “Também representa uma oportunidade para aqueles que tiverem interesse em iniciar esta atividade ou também para apreciadores e amantes de vinhos que desejam aprofundar os conhecimentos”, enfatiza.

Produção de vinho se desenvolve no estado

A vitivinicultura está presente em 42 dos 78 municípios do estado, mas só oito deles possuem agroindústria e fazem o processamento da uva. De acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), esse processamento é feito em Santa Teresa, Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante, Muniz Freire, Alfredo Chaves, Vargem Alta, Marechal Floriano e Conceição do Castelo.

No Espírito Santo, a atividade ocupa uma área de 190,0 hectares, sendo 140,0 em produção e 50,0 em formação. A vitivinicultura está presente em 600 propriedades do estado, envolvendo cerca de mil produtores.

Entre 2019 e 2020, cerca de 100 mil litros de vinho foram produzidos no Espírito Santo. “A produção estadual de vinho possui caráter artesanal. 99% das agroindústrias elaboram vinhos de mesa, que são vinhos comuns, populares, oriundos de cultivares americanas”, destacou Carlos Sangali, extensionista do Incaper em Santa Teresa.

Carlos Sangali informa que algumas propriedades do estado chegam a produzir uma média de 30 toneladas por hectare. “A demanda por vinhos regionais e artesanais tem aumentado em função da qualidade”, ressaltou.

Para Vinicius, que possui um venícula em Santa Teresa, o Espírito Santo sempre teve potencial para a produção de vinhos, mas é necessário um investimento nas pequenas indústrias. “Todos os municípios tem vocação. Se você tem impostos mais justos para a economia familiar, elas se desenvolvem e depois a própria atividade sustenta a região”, ressalta.