Em todos os cantos do país, estudantes e professores estão empenhados para tentar dar conta das aulas que são realizadas a distância, pela internet, por causa da pandemia do novo coronavírus. Mesmo com várias dificuldades, crianças e jovens estão enfrentando as barreiras pela educação.

 

 

 

Mas como fazer isso em lugares onde o acesso à internet é limitado e até mesmo o sinal de telefone é precário? É o caso do aluno Pedro Henrique Feitosa Siqueira, de 8 anos. Ele mora com os pais e três irmãos na área rural da Fercal, distante cerca de 40 quilômetros do centro do Distrito Federal.

 

 

 

Apaixonado pela educação, ele não mede esforços para conseguir realizar o seu grande sonho de ser médico e ajudar a família. “Quero ser médico e cuidar das pessoas com Covid”, contou a crainça, sem titubear ao ser questionado sobre o seu maior desejo.

 

 

O pai de Pedro é caseiro em um haras da região e, a mãe, desempregado, faz bicos como diarista.

 

 

Por causa da pandemia, com aulas on-line, o garoto está com dificuldades para estudar. A casa em que vive é simples e fica dentro do terreno do haras. O sinal de internet não chega até o local. Pedro, que está no 3º ano do ensino infantil, vai todos os dias até a sede da fazenda, caminhando por aproximadamente 1 km, para conseguir acesso ao conteúdo escolar. Considerando a ida e a volta, o pequeno anda diariamente 2 kms para não perder o conteúdo minsitrado por professores de forma on-line.

 

 

Aulas presenciais suspensas

 

 

 

A instituição que ele estuda e tanto gosta, a Escola Classe Sonhém de Cima, no assentamento Contagem, fica perto da casa dele.

 

 

 

Antes da pandemia, ele ia para a unidade de ensino pública de transporte escolar. Quando vieram as aulas a distância, não conseguia assistir e, em busca de seu sonho, teve de se adaptar à nova realidade. Assim, localizou o único ponto do sítio onde a internet chega.

 

 

Assista ao vídeo de Pedro:

 


 


 

A mãe de Pedro, Érica Alves Feitosa, 36, relatou a rotina do filho e elogiou o seu esforço e dedicação aos estudos.

 

 

 

“Mesmo com a dificuldade, ele não desanimou e encontrou um jeito. Conseguiu emprestado o sinal de internet na casa vizinha, mas o caminho até a propriedade rural é longo.”

 

 

 

Para chegar até lá todos os dias, ele combina um horário fixo com o professor e sai de casa junto com a mãe e os irmãos. Juntos, eles atravessam a estrada de terra até chegar ao lugar onde o menino consegue contato virtual com o professor.

 

 

 

“Temos de passar por duas porteiras e ir pelo pasto, até chegar”, detalhou a mãe.

 

 

 

Com a imaginação, ele fez do lugar uma sala de aula improvisada: leva estojo e cadernos e, pelo celular da mãe, vê o conteúdo, as aulas e tem o retorno do professor.

 

 

 

“Eu adoro português. Falo com o professor e ele me ajuda. Também faço anotações importantes no meu caderno. Não quero parar de estudar até virar médico”, sonha Pedro.

 

 

“É muito difícil. Tive que fazer um pacote de dados móveis para ele conseguir assistir aula. Mesmo com os deveres impressos, a gente sobe para o curral e o Pedro se senta nas baias do local para fazer os deveres. A nossa família é humilde. Não temos condições. O nosso objetivo, agora, é conseguir ajuda com material de construção para fazer uma casinha na cidade e ficar mais próximos da escola. Temos fé em conseguir”, acrescentou Érica.