Doente e paraplégico, o tatu de cinco meses chegou ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) apenas para se recuperar, mas acabou conquistando os veterinários e ganhou até uma "cadeira de rodas" para conquistar mais independência.

 

Bolinha quase morreu de desnutrição e estava com sérios problemas crônicos. Para entender como o animal chegou a esse ponto é necessário voltar a dezembro de 2018.

 

Uma pessoa entrou em contato com os profissionais do Centro de Reabilitação e Triagem de Animais Silvestres (Cetras), setor que fica no Iema, dizendo que tinha encontrado um filhote de tatu em uma rodovia.

 

Segundo o veterinário Luis Felipe Mayorga, o relato causou estranheza, pois o animal era manso, estava fraco, mas não estava ferido. Para a equipe que o atendeu, não se tratava de um animal que estava vivendo livre na natureza e não tinha sido atropelado.

 

O animal na verdade estava anêmico, desnutrido, com várias doenças e com sinais de maus-tratos. O veterinário que o atendeu constatou que a paraplegia foi consequência de desnutrição e doenças.

 

"Nossa equipe ficou muito comovida. O animal estava fraquinho, indefeso, magro e se não recebesse os cuidados necessários ele iria morrer logo. Começamos a dar a alimentação adequada e os medicamentos, e a cada semana que passava era uma vitória. Toda semana nós vibrávamos ao ver que ele tinha ganhado mais peso, que estava mais forte", relembrou Luis Felipe.

 

 

Recomeço

 

Na nova "casa", Bolinha tem a companhia de outros animais, todos vítimas de maus-tratos, abandonados ou que necessitam de algum atendimento médico específico. Como não se locomove muito bem, Bolinha não consegue mais cavar e entrar em buracos na terra, comportamento comum na espécie.

 

Mesmo assim, segundo Luis Felipe, o animal conseguiu mais independência com o auxílio de uma "cadeira de rodas", ou um "carrinho", como os profissionais do Iema gostam de se referir. A ferramenta é usada para sustentar as patas traseiras de Bolinha.

 

"Independente de ele voltar a andar ou não, ele vai precisar ficar em cativeiro pelo resto da vida. Isso porque ele não teve tempo para aprender como é ser um tatu. Por não saber comer, se esconder direito e lidar na natureza, se ele for solto vai vir a óbito. Estamos acompanhando o caso para ver se ele melhora, mas isso é incerto", explicou.

 

Possível destino

 

No Iema os animais recebidos passam por tratamento por um tempo e, após recuperados, eles são encaminhados para o Ibama-ES. O médico veterinário acredita que esse deve ser o futuro de Bolinha.