Dez dias após o assassinato da agricultora Thamires Lorençoni Mendes, 26 anos, morta com três tiros no dia 30 de novembro, em Vargem Alta, na região Serrana, a família do casal tenta se adaptar à ausência dela.

 

As crianças, um menino de três anos e duas meninas de 7 e 8 anos, estão com a avó. “Perdi minha filha e agora vão ficar os netos sem a mãe. Uma filha está com febre, vomitando. O menor não está querendo comer”, disse a mãe de Thamires, a comerciante Débora Maria Lorençoni, 51.

 

O marido, o caminhoneiro Gedson Thomazini, 27, voltou trabalhar com feira, após estes dias parado.

 

O caso

 

Thamires foi morta quando retornava para sua casa, na localidade de Vila Maria, após passarem o dia trabalhando numa feira em Mimoso do Sul.

 

Dois homens em um Voyage ordenaram que o caminhoneiro, marido da vítima, parasse o caminhão.

 

Logo em seguida, a mulher foi morta a tiros. O rapaz socorreu a mulher, com a ajuda de um motorista que passava pelo local, mas ela morreu ao dar entrada no Hospital Padre Olívio.

 

Prisões

 

Na quinta-feira, as polícias Civil e Militar prenderam a madrasta de Gedson, Sula Almeida, e sua filha, Flávia Almeida, como suspeitas de terem tramado a morte da agricultora.

 

O delegado de Vargem Alta, Rafael Amaral, optou por não revelar informações sobre as investigações, justificando que poderiam atrapalhar a apuração. Disse apenas que pretende concluir o inquérito ainda essa semana.

 

Thamires e o marido trabalhavam vendendo verdura em feiras de Italva, no Rio de Janeiro e em Mimoso do Sul. Os dois compravam os produtos na região e na Ceasa, em Cariacica, embalavam e faziam a revenda nestes municípios.

 

Depoimento

 

No dia do crime, segundo a mãe da vítima, os dois passaram o dia anterior embalando as verduras e legumes. “Minha filha e o marido trabalhavam muito. Ela não merecia morrer assim”, disse a mãe.

 

Logo após a morte da agricultora, familiares começaram a desconfiar da madrasta e da filha. O motivo principal, afirma, seria inveja e ciúmes. A filha de Sula, segundo a família, gostava de Gedson, mas não era correspondida.

 

A situação se agravou, afirmou a mãe de Thamires, após Gedson comprar a casa debaixo do prédio de três andares, do pai. O casal estava reformando o imóvel para se mudar.

 

“As duas não iriam suportar ver tanta felicidade debaixo da casa delas. Minha filha era muito alegre. Os dois eram felizes”, disse.

 

Agricultora foi jogada no chão antes de ser morta

 

“Não tenho mais lágrimas de tanto que chorei pela minha filha. Nem sei quando terei lágrimas novamente. Se a gente tem uma filha que usa drogas, até espera que possa acontecer. Mas Thamires só sabia trabalhar e cuidar dos filhos. Perdi minha filha e agora vão ficar os netos sem a mãe. Uma está com febre, vomitando. O menor não está querendo comer”, diz a mãe.

 

“Minha filha era amorosa com a família, com a mãe, com todo mundo. Gostava de ajudar a todos. Na feira, o que sobrava doava para os outros. Era humana, boa filha, boa mãe, boa esposa. Só pensava em trabalhar. Não vivia na casa de ninguém para ficar de fofoca e vir essas duas e fazer isso com ela. Creio que seja por inveja, pois não iam aguentar ver tanta felicidade dela, do marido e das crianças debaixo da casa delas. Ela vivia rindo. Minha filha era feliz. Linda e feliz. Destruíram minha vida”, completa a mãe.