Um fóssil de inseto voador foi encontrado na Bacia do Araripe, no Ceará, e encaminhado a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), para estudo. A análise do fóssil pode ajudar cientistas a entenderem mais sobre o clima há mais de 100 milhões de anos.

A coleta do novo fóssil foi feita por uma equipe de paleontólogos da Universidade Regional do Cariri (URCA). O material foi encaminhado a UFES para fazer parte dos estudos da pesquisadora Arianny Storari.

“O fóssil veio em empréstimo, pois eu estava trabalhando na pesquisa desse grupo de insetos (Ephemeroptera) e então ele foi direcionado ao meu estudo”, explicou.

A rocha onde o fóssil foi encontrado é datada entre 113 e 125 milhõe, quando a África e América do Sul ainda estavam se separando. “A grande descoberta tem a ver com a evolução desse grupo de insetos. Ele tem um padrão anatômico que mistura dois grupos que existem até hoje”.

Segundo a pesquisadora, a espécie encontrada estava na metade do processo evolutivo. Por isso, foi nomeado Incogemina nubila, que significa “geminação incompleta” em latim. E o termo nubila significa nublado, referente a coloração acinzentada do calcário.

“É interessante pra entendermos como funciona essa evolução e quando o grupo surgiu. Sabemos que foi muito antes do período que esse fóssil foi encontrado. E isso é impressionante, porque a maioria das espécies não duram tanto tempo. Esse grupo permanece vivo por milhões de anos”, destaca.

Escavação na Mina Antônio Finelon, município de Nova Olinda (CE) Foto: Flaviana Lima.

Análises ajudam a conhecer o ambiente passado

A pesquisadora explicou que uma equipe de está trabalhando em um artigo para compreender o ambiente e clima em que o inseto vivia. “Precisamos fazer análises geoquímicas, para entender qual mineral substituiu aquele fóssil. Para assim, compreender os padrões daquele ambiente aquático do passado, a temperatura da água entre outras questões”.

O grupo de insetos Ephemeroptera é aquático na maior parte da vida, que é no formato de larva. “Por isso a importância, para entender mudanças climáticas. Pois, hoje em dia, o grupo é considerado bioindicador da qualidade da água”.

Quando chega à fase adulta, o inseto passa a viver em terra. No formato em que o fóssil foi encontrado, com asas. Mas, de acordo com a pesquisadora da UFES, o tempo de vida nesse último formato é curto.

“O fóssil é raro por esse motivo. Foi o segundo encontrado no mundo inteiro. Essa família vive em um ambiente de correnteza. Portanto, quando o bichinho morre, é difícil ser fossilizado, pois a correnteza quebra o inseto em pedaços”, explicou.