Material é fabricado com a escória da aciaria, um produto que sobra na fabricação do aço. Concreto é 30% mais barato, não exige areia do meio ambiente, e já desperta interesse da Prefeitura de Guarapari.

 

 

Pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), em Minas Gerais, estão fazendo um experimento com um novo tipo de concreto em Guarapari, no Espírito Santo. O material promete ser mais resistente e proteger mais as ferragens contra a corrosão, por isso a importância de ser testado à beira-mar.

 

 

Além de mais resistente e menos danoso ao meio ambiente, o material é mais barato, porque a matéria-prima é um resíduo da indústria siderúrgica. É a escória de aciaria, que sobra na fabricação do aço. Com ela, é possível fazer a brita e areia que vão ser usadas no concreto que os pesquisadores desenvolveram.

 

 

"O conjunto escória e concreto produz uma matriz, produz um conjunto menos poroso. Então, só de ele ter menos poros, é mais difícil que esses sais penetrem na estrutura. Então, se eles não penetram a corrosão, vai ser menor", explicou a pesquisadora e engenheira civil Laís Costa.

 

 

A maresia não causa ferrugem apenas na parte externa dos prédios, também penetra no concreto e pode corroer a ferragem que fica dentro da estrutura. Por isso, uma construção à beira mar usa até 40% mais concreto, como forma de proteger os metais.

 

 

 

O experimento é feito com blocos de concreto, onde é usado o material tradicional em uns, e o produto da aciaria em outros. Esses blocos envolvem ferragens. Eles foram trazidos de Ouro Preto para Guarapari. E vão ficar imóveis, em um local próximo ao mar, expostos aos efeitos da maresia, tal qual os prédios que ficam na orla.

 

 

Testes já foram feitos em laboratório, mas falta essa pesquisa no ambiente mais agressivo, à beira mar. O concreto feito com a escória é mais escuro que o tradicional. Na praia, eles ficam lado a lado, para que os pesquisadores façam as comparações. A cada três meses, eles fazem ultrassom nos blocos e levam amostras para o laboratório.

 

 

 

"A gente quer que o que a gente aprende na academia tenha um retorno para a sociedade. E a gente acredita que reaproveitando um resíduo e produzindo um material mais barato, todo mundo ganha", pontuou a pesquisadora.

 

 

 

O resultado final sai em três anos, mas a prefeitura de Guarapari já está muito interessada no concreto de escória, que é até 30% mais barato, e não precisa retirar a areia do meio ambiente para produzi-lo.

 

 

 

"A construção civil, em Guarapari, tem um grande potencial econômico. E essas alternativas sustentáveis, principalmente de reintroduzir aquilo seria descartado, esses resíduos industriais por exemplo, traz uma alternativa sustentável para nossa cidade", destacou o secretário de meio ambiente de Guarapari, Breno Ramos.