Ainda nem saiu de sua recuperação judicial, mas a Itapemirim já marcou data para estrear um investimento bilionário: no dia 29 de junho a empresa fará seu voo inaugural entre Guarulhos e Brasília. Será o começo da ITA, uma companhia aérea que já nasce com 500 funcionários, vai contratar mais mil até setembro e outros 2.500 até 2022. Em sua primeira semana, a empresa vai ter cinco Airbus 320 pintados de amarelo sobrevoando o Brasil. Serão 10 cerca de 15 dias depois e 50 até junho do próximo ano. A companhia também já nasce com uma rede de 2 mil agências, que hoje vendem passagens de ônibus e que vão também vender bilhetes aéreos. Tudo isso requer dinheiro e muito dinheiro. E por se tratar de uma companhia em recuperação judicial, os credores da empresa olham desconfiados para o projeto.

O presidente do grupo Itapemirim, Sidnei Piva, disse em entrevista ao Radar Econômico da Revista Veja que o grupo vai investir apenas 15 milhões de reais na nova companhia e 500 milhões de dólares, algo em torno de 2,6 bilhões de reais ao câmbio de hoje, virão de dois fundos do Qatar. Mas Piva diz que não pode revelar ainda o nome dos fundos porque estão sob acordo de confidencialidade. Os árabes não serão sócios e os recursos aportados na companhia são uma espécie de financiamento a serem pagos quando a ITA fazer seu IPO. O lançamento de ações está nos planos de curto prazo da empresa, mas só deve acontecer depois de 2023. Enquanto isso, a empresa quer atrair mais investidores no molde do investimento árabe e a Itapemirim já prevê nova rodada em julho.

Além disso, Piva promete que, no fim de maio, o grupo sairá da recuperação judicial. Inclusive com uma renegociação do passivo de 2 bilhões de reais com os fiscos estaduais e federais. Piva diz que cerca de 80% será liquidado com compensações de crédito, desconto de multas e pagamentos à vista. Resolver a recuperação judicial, segundo Piva, é quase que uma condição para os atuais investidores. E qual a diferença da nova companhia aérea? Mais espaço entre as poltronas, serviço de bordo, mala despachada gratuitamente, mas nada de “low cost”. Além disso, a ideia é fazer uma espécie de rede de conexão com as linhas de ônibus da companhia.