A direção do Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) declarou que o leito que receberia o adolescente Kevinn Belo Tome da Silva estava reservado e que a estrutura do hospital estava pronta para atender o jovem. Mas que vai investigar porque a médica que deveria atender o garoto não o admitiu. Kevin morreu na madrugada deste sábado (30) após esperar por quatro horas em uma ambulância na porta do hospital em Vila Velha, na Grande Vitória.

 

"Nós tínhamos a vaga confirmada, nós tínhamos medicamentos, nós tínhamos equipamentos, tínhamos a equipe profissional aqui e a gente está apurando porque não foi recebido o paciente. A gente tem que apurar todos os fatos e ouvir todas as pessoas envolvidas neste caso. É um caso bem complexo. Ele veio com uma solicitação, confirmada a vaga, nós tínhamos os profissionais, nós estávamos prontos para receber e não foi recebido"", falou o diretor do Himaba, Fábio Diehl.

 

 

Kevinn começou a passar mal em casa na última segunda-feira (25). Na quarta (27) ele foi internado em um pronto socorro de Cachoeiro de Itapemirim, cidade em que morava com a mãe.

Com o agravamento do quadro, ele precisou ser transferido para uma UTI. Como não havia leito disponível em Cachoeiro, o adolescente foi encaminhado para o Himaba, em Vila Velha, onde uma vaga havia sido reservada para ele.

 

"A médica que me atendeu falou 'Clayde, o Kevinn está tendo uma infecção e nós vamos precisar transferi-lo para ser internado em um hospital'. Em Cachoeiro o [hospital] infantil não pega com 16 anos, só até 15 anos e nove meses, e os outros dois hospitais, Evangélico e Santa Casa, não recebem dessa idade, só a partir de 18", falou a professora Clayde Aparecida Belo da Silva, tia de Kevinn.

Kevinn e a mãe saíram de Cachoeiro na noite desta sexta (29) por volta das 22h30 em uma ambulância paga, segundo a família, pelo governo do estado. De acordo com a mãe, o garoto teve duas paradas cardíacas no caminho até Vila Velha.

A ambulância chegou na porta do hospital por volta de meia-noite e meia. Sem ser admitido no Himaba, o garoto teve mais uma parada cardíaca e morreu às 4h30 da madrugada.

Questionado sobre o porquê da não admissão de Kevinn no hospital, o diretor do Himaba não soube responder o motivo.

 

"Essa é uma resposta que a gente precisa saber para não acontecer novamente. Nós tínhamos todos os profissionais e a gente precisa saber e apurar de fato o que está acontecendo", falou Diehl.

 

Segundo o diretor do Himaba, uma médica seria a responsável por receber o garoto. A profissional já foi identificada e a instituição abriu uma sindicância para apurar a conduta dela. A identidade da médica não foi divulgada.

 

"A médica foi identificada e nós já estamos apurando todos os fatos ocorridos para tomar as devidas providências", falou Diehl.

 

No final da tarde deste sábado, o hospital confirmou que registrou um boletim de ocorrência do caso na delegacia e acionou o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES).

Procurado, o CRM-ES afirmou que vai abrir sindicância para apurar as responsabilidades.

Em nota, o Himaba ressaltou que "não há falta de leitos e equipe e tecnologia na unidade". Disse ainda que "é inadmissível negligência em qualquer atendimento, já que a premissa do hospital é garantir acolhimento e assistência a todos os pacientes".

A família de Kevinn também registrou um boletim de ocorrência na delegacia. Em nota, a Polícia Civil informou que o caso será investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

A reportagem também pediu mais informações para a Polícia Civil sobre o boletim de ocorrência registrado pelo hospital, mas não obteve resposta até a última atualização deste texto.