Uma técnica pode triplicar o número de pulmões saudáveis disponíveis para transplantes, segundo pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. A descoberta foi realizada após os cientistas ligarem pulmões prejudicados ao sistema circulatório de um porco vivo.

 

 

 

 

Isso acontece porque, assim que uma pessoa morre, seus pulmões começam a deteriorar de forma bastante rápida, o que faz com que o transplante do órgão tenha de acontecer quase que imediatamente. Grande parte dos pulmões doados já está fora do corpo humano por um longo período de tempo, mas, mesmo assim, a maioria já passou por agressões exteriores o suficiente para não ser mais uma opção viável para uma cirurgia.

Segundo Gordana Vunjak-Novakovic, da Columbia, os órgãos prejudicados podem passar por dispositivos de perfusão pulmonar ex vivo lung perfusion (EVLP), o que pode falhar em muitos casos. Daí veio o teste em um ser vivo. A ideia dos pesquisadores parceiros de Vunjak-Novakovic era descobrir se, ao ligar um pulmão em um corpo com outros órgãos funcionais, este fabricaria nutrientes capazes de remover substâncias prejudiciais.

Os pesquisadores testaram, ao todo, seis pulmões (tanto individuais quanto em pares) que foram rejeitados para transplante. Um deles falhou depois de 5 horas em um dispositivo EVLP e ficou fora do corpo humano 24 horas antes de ser recebido pelos cientistas. Cada pulmão foi conectado ao sistema circulatório de um porco anestesiado por 24 horas, com tubos alimentando as veias sanguíneas do órgão humano com as veias do pescoço do porco, ao mesmo tempo que um ventilador era responsável por bombear ar dentro dos pulmões. Para evitar que os tecidos externos fossem rejeitados tanto pelo animal quanto pelos órgãos humanos, foram utilizadas medicações imunossopressoras.

 

Depois de 24 horas conectados aos porcos, os pulmões foram revitalizados e testes apontaram que a capacidade deles de produzir ar melhorou significativamente. Até um deles, que estava há dois dias fora do corpo humano, teve uma recuperação exponencial. “Eles não estão 100% normais, mas estamos perto o suficiente”, afirmou Vunjak-Novakovic à revista científica New Scientist.

Em 2016, o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), efetuado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), estimou a necessidade de 1.636 transplantes pulmonares. Nesse período, apenas 92 foram realizados.