O juiz Gustavo Gomes Kalil, do 4º Tribunal do Júri, determinou a prisão do sargento-bombeiro Paulo César de Souza Albuquerque, que atirou em um atendente do McDonald's na Taquara, na Zona Oeste do Rio. O crime aconteceu no dia 9, e segundo um amigo do bombeiro não foi acidental.

Até a última atualização desta reportagem, o bombeiro ainda não tinha sido localizado. Policiais apreenderam o Mercedes onde Paulo estava no dia da agressão.

O atendente Matheus Domingues Carvalho, de 21 anos, teve alta na quarta-feira (18). Ele estava internado havia dez dias depois de ser baleado na barriga. O jovem passou por uma cirurgia, perdeu o rim esquerdo e teve ferimentos no intestino.

 

Matheus foi ouvido pela polícia pela primeira vez nesta segunda-feira (16), quando ainda estava no hospital.

Durante mais de 50 minutos, ele contou como foi o encontro dele com o sargento Paulo César dentro da lanchonete (entenda a dinâmica).

Mercedes do bombeiro Paulo Cesar foi apreendido — Foto: Reprodução

Mercedes do bombeiro Paulo Cesar foi apreendido — Foto: Reprodução

Segundo o delegado responsável pela investigação, Ângelo Lage, o tiro causou uma lesão na coluna que afetou o movimento das pernas da vítima.

"Ficou bem claro pra gente que realmente o tiro foi à queima-roupa. Ele tem uma lesão de queimadura na pele. Inclusive um fato novo é que o pedaço do projétil acertou a coluna dele também e ele está com uma lesão na coluna que está afetando o movimento das pernas dele", disse à TV Globo.

Segundo testemunhas, a briga foi por causa de um cupom de desconto. Segundo colegas de Mateus, o bombeiro fez um pedido no drive-thru, mas só no fim do atendimento disse que tinha direito à redução no preço. Mateus explicou que a informação precisava ser dada no início do pedido.

O cliente ficou insatisfeito, saltou do carro, e foi em direção à janela onde Mateus atendia.

As imagens mostram os dois conversando inicialmente. Mateus, sentado dentro da loja, fala com o bombeiro, que está de pé, do outro lado da janela. De repente, Paulo César afasta o que parece ser uma proteção de acrílico, passa o braço pela janela e dá um tapa em Mateus, que revida.

 

O bombeiro, então, dá a volta e entra no McDonald's, com a arma na mão, como mostra a gravação de uma câmera do interior da loja. Algumas pessoas tentam impedir que ele avance, em vão.

O miliar guarda a arma e chega onde está o atendente sem nada nas mãos e sai do ângulo da filmagem.

Segundos depois, dá para ver Mateus caindo no chão e sendo acudido por um colega, enquanto o atirador sai caminhando calmamente, ao lado de uma mulher e um homem de casaco laranja e boné – que havia entrado atrás dele na loja e presenciou o crime.

Bombeiro estava em carro de luxo e saiu calmamente do McDonald's após atirar em atendente — Foto: Reprodução

Bombeiro estava em carro de luxo e saiu calmamente do McDonald's após atirar em atendente — Foto: Reprodução

 

 

Amigo negou disparo acidental

 

À polícia, o agressor disse que o tiro foi dado de forma acidental. Uma testemunha, no entanto, negou a versão: Carlos Felipe da Silva Brasil aparece de camisa laranja nas imagens e foi à lanchonete junto com o bombeiro acusado pelo crime.

Em depoimento, ele disse que o tiro não foi acidental. Agora, com o relato da própria vítima, os policiais da delegacia da Taquara reforçaram a tese do inquérito de que houve uma tentativa de homicídio.

Em nota, o McDonald's afirmou lamentar profundamente e informou que prestou socorro imediatamente ao funcionário, que foi levado rapidamente para o hospital pela polícia.

“A empresa está acompanhando e dando todo o suporte para seus familiares e já está colaborando com as investigações sobre o caso”, emendou.