O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) quer que a Polícia Civil apure um fato ocorrido na 4 ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Cariacica em setembro de 2018. Um carro, que havia sido apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi depenado nas dependências da sede policial. Foram roubadas quase todas as peças principais do veículo, que estava no pátio da delegacia.

 

O Ford Fiesta preto, com placas da Bahia, foi apreendido no dia 4 de junho de 2018, depois de uma abordagem da PRF durante uma fiscalização de rotina, no bairro Nova Brasília, em Cariacica, por conta de uso/ apresentação de documento falso (CRLV).

 

Desde o ano passado, o MPF tem enviado ofícios à Corregedoria da Polícia Civil, cobrando esclarecimentos sobre o ocorrido e a adoção das providências cabíveis para responsabilização dos culpados na esfera administrativa, assim como a Justiça Federal também oficiou para a Corregedoria cobrando providências. A Procuradoria ainda enviou ofício ao Ministério Público do Estado do Espírito Santo para controle externo da atividade policial.

 

A Polícia Civil chegou a apresentar como justificativa para o ocorrido alguns pontos: o veículo estar em péssimo estado de conservação; o Banco Bradesco, proprietário do carro, não tê-lo retirado do pátio da delegacia (embora não haja qualquer ofício para o banco Bradesco ou para a Bradesco seguros solicitando o feito); a ausência de decisão do juiz da 2ª Vara Federal Criminal da seção Judiciária do Espírito Santo a respeito do local em que poderia ser deixado o veículo.

 

A Polícia Civil, por isso, chegou a alegar que não haveria sua responsabilidade pelos desgastes temporais sofridos pelo veículo. Mas, no entendimento do MPF, esse argumento não é válido: "Na representação formulada à Corregedoria de Polícia Civil não se está a reclamar providências pelo decurso do tempo. E sim quem furtou componentes do veículo e literalmente o depenou. (...) é de fácil verificação que os danos causados ao veículo foram feitos por pessoa(s) e não meramente pelo decurso do tempo. Basta verificar que até os pneus do veículo foram subtraídos. Dentro das dependências policiais", frisa o ofício da Procuradoria, enviado para a Corregedoria Polícia Civil em março deste ano.

Atualmente, o veículo está sob tutela da Corregedoria da Polícia Civil, conforme decisão judicial. Inquérito policial nº 5016674-75.2018.4.02.5001.