Há exatos três anos, os irmãos Kauã Sales Butkovsky, de seis anos, e Joaquim Alves Sales, de três, morreram queimadas dentro de casa em Linhares, no Norte do Espírito Santo. De lá para cá, além de saudade e dor, a família dos meninos vive sem resposta da Justiça, já que não há sequer data para o julgamento do acusado de estuprar, agredir e matar as crianças.

 

 

O assassinato aconteceu durante a madrugada na casa onde as crianças moravam com a mãe Juliana Salles e o pastor Georgeval Alves Gonçalves, pai de Joaquim e padrasto de Kauã, no Centro de Linhares. Os dois são acusados da morte dos irmãos, sendo que Juliana responde ao processo em liberdade sob acusação de omissão.

 

 

 

No dia do crime, Georgeval estava sozinho com os meninos, pois Juliana havia viajado para um evento religioso em Minas Gerais com o filho bebê do casal. Os dois eram considerados informalmente como pastores na igreja que atuavam em Linhares.

 

 

 

De acordo com a investigação da Polícia Civil na época, somente o quarto das crianças foi queimado por volta das 2h do dia 21 de abril de 2018. O laudo cadavérico da polícia informou que as crianças estavam vivas no momento do incêndio, porém desacordadas pois haviam sido agredidas e abusadas sexualmente.

 

 

 

No dia seguinte às mortes, Georgeval celebrou um culto que já estava agendado durante aquela semana. Somente no dia 23, Georgeval e Juliana foram até ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória para realizar os procedimentos de liberação e sepultamento. Foi necessário realizar exame de DNA devido à carbonização dos corpos.

 

 

 

Prisão

 

 

 

Entre perícias e depoimentos, a polícia reuniu materialidade para solicitar a prisão do pastor Georgeval, sete dias depois da morte de Kauã e Joaquim. O caso foi encerado na esfera policial em 23 de maio de 2018 com o indiciamento por duplo homicídio, duplo estupro, fraude processual e tortura.

 

 

 

Nas mãos do Ministério Público, os levantamentos da investigação levaram ao pedido de prisão da mãe das vítimas, Juliana Salles, acusada de duplo homicídio, duplo estupro e fraude processual na forma omissa, pois a investigação apontou que ela sabia que o marido representava risco para os filhos e, mesmo assim, permitiu que ele ficasse com próximo a eles.

 

 

 

Juliana foi presa em 20 de junho, em Minas Gerais, e solta em 7 de novembro do mesmo ano, por meio de um alvará de soltura expedido pela Justiça. A defesa de Georgeval alega inocência e entrou com recuso. Ele continua preso no sistema penitenciário do Espírito Santo.

 


Pastor Georgeval Alves, sispeito de matar o filho e o enteado  — Foto: Repdoução/TV Gazeta

Pastor Georgeval Alves, sispeito de matar o filho e o enteado


 

 

 

Justiça

 

 

 

Nesta quarta-feira (21), parentes, amigos e desconhecidos que lamentam a morte dos irmãos fizeram um ato na Praia de Camburi, Vitória, para homenagear a memória de Kauã e Joaquim e pedir por Justiça.

 

 

 

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Linhares, informou em nota que aguarda o julgamento dos recursos apresentados e os desdobramentos do processo no Judiciário, para adotar as medidas pertinentes ao caso.

 

 

 

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) disse que a defesa de Georgeval entrou com recurso contra a sentença de pronúncia que determinou que o réu irá a júri popular, proferida em maio de 2019. Agora, é necessário aguardar a análise dos recursos em segunda instância para marcar a data do julgamento.