O Poder Judiciário ou o Ministério Público do Espírito Santo pode sair desmoralizado por conta do vazamento doloso da operação "Alma Viva" deflagrada no dia 15 de junho pelo Gaego que levou dois magistrados a prisão: Alexandre Farina e Carlos Alexandre Gutman. Tudo estava certo e algo muito errado não tivesse acontecido: vazaram dois dias antes a informação sigilosa para o magistrado Farina, segundo o Judiciário, por membros do Ministério Público.
As imagens cedidas pelo Tribunal de Justiça ao Gaego sugere que a assessora Laís Rosa Funari teria retirado o lacre do envelope contendo os detalhes da operação. Ela se reporta à procuradora-geral, Luciana Andrade, e ao procurador Eder Pontes, amigo íntimo do investigado Alexandre Farina. Só para ilustrar, os dois eram defendidos pelos mesmos advogados em Brasília. A cúpula do MP-ES, por sua vez, acusa o TJES de proteger desembargadores, este, na opinião de Luciana, os verdadeiros autores do vazamento.
AS IMAGENS
A origem
Tudo começou com a "fuga" de Alexandre Farina para São Paulo, antes da deflagração da operação Alma Viva porque teria sido avisado por membros do MP-ES ligado a ele. Por outro lado, o que torna mais grave, para proteger Eder Pontes, a procuradora Geral entrou em rota de colisão direta com o presidente do TJES, Ronaldo Gonçalves, com supostas ameaças. acusando ser o vazamento de autoria de desembargadores. Alegou cessão de imagens seletivas. Ela avisou que ninguém do MP iria dar depoimento na investigação interna do Poder Judiciário. Ou seja, peitou a cúpula do Judiciário.
Agora, se porventura prevalecer a tese de investigação do MP do vazamento ser de autoria de membros do Judiciário, o TJES fica desmoralizado e Eder Pontes não seria autor do vazamento através das informações privilegiadas de assessoria. Luciana Andrade usa em seu favor a dúvida para seu tutor, seu antecessor, forçando a inclusão dele na lista tríplice sob ameaça de implodir o Judiciário, revelando os nomes dos desembargadores. Em contrapartida, se foi a cúpula do MP, o Judiciário ficaria liberto dessa intimidação e não politizaria a lista tríplice.
Esse jogo de poder está bem claro quando a procuradora administra o processo de investigação sem fechá-lo. Como ela defende o envolvimento de desembargadores, teria de enviar o processo para o Superior Tribunal de Justiça, o que não o fez até o presente momento. Nesse imbróglio, a pior das hipóteses, para desgraça do sistema, seria tanto desembargadores quanto promotores, em responsabilidade igual, terem vazado a informação para o juiz, hoje "leproso", Alexandre Farina.
Quanto às imagens, contém legendas da investigação do próprio Gaego a serviço do MPES.