O movimento anti-procurador para vaga de desembargador da OAB é crescente. É notório o sentimento de que é necessário um advogado puro sangue, genuíno. Alguém que enfrentou as dificuldades da advocacia raiz e viveu da profissão.  

O vínculo que criam em razão da advocacia de governo também é alvo de críticas, por incorporarem  interesses políticos e estatais em seus perfis quando se tornam julgadores.

Hoje, no Tribunal, todos os três desembargadores egressos da advocacia são procuradores do Estado. A reação anti-procurador para a vaga da OAB está umbilicalmente ligada à visão da classe sobre o desempenho desses nomes e o tratamento que dispensam aos advogados.

Recentemente, um desses nomes, o Desembargador Aníbal Rezende Lima, causou espanto ao tentar proibir um advogado de realizar defesa oral de um cliente porque estava sem gravata. O cliente era alvo de um pedido de prisão do MP.

Essa conduta foi vista como inaceitável para um magistrado que ocupa a vaga da OAB, entidade que zela pelo respeito amplo e irrestrito ao direito de defesa e ao devido processo legal. A gravata é mero formalismo, vazio e insignificante, perto do fato de alguém ser preso por falta de defesa técnica.

O abuso, nesse caso, só não se consumou porque o desembargador decano Adauto Dias Tristão considerou um excesso prejudicar a defesa por ausência de gravata. E, por ironia do destino, ele é oriundo da magistratura de carreira - o outro lado do balcão - e não da OAB. Representou melhor a visão dos advogados do que o próprio nome que está na Corte em nome da advocacia. 

 

Essa e outras situações são atribuídas ao fato de que procuradores não representam os anseios da classe advocatícia, agindo com mais frieza, indiferença e insensibilidade do que os próprios magistrados na relação com os advogados.

Isso viola a razão de ser do quinto constitucional, que se presta a destinar 1/5 das vagas do Tribunal de Justiça para membros do MP e da Advocacia. Essa norma existe na Constituição para agregar visões de mundo e experiências distintas dos juízes, criando colegiado mais heterogêneo, diversificado. 

Na disputa da vaga da OAB, todos os advogados poderão votar em seis nomes dos doze escolhidos pelo Conselho da entidade.

Advogados expoentes do movimento anti-procurador tem alertado em grupos de WhatsApp que há candidatos ocultando do currículo o fato de serem procuradores, para driblar a rejeição. 

 Eles tem adotado o mote de que "advogado vota em advogado; advogado não vota em procurador".