O juiz titular da 14ª Vara do Trabalho de Salvador, Benilton Brito Guimarães, comemorou o cancelamento de uma audiência telepresencial agendada para esta sexta-feira (4). No despacho juntado ao processo na quinta, Guimarães disse que poderia aproveitar o horário para "duas ou três doses de whisky."

 


"Melhor para o juiz e para a secretária de audiência, que poderão aproveitar o respectivo horário para atividades lúdicas, como tomar duas ou três doses de whisky, não mais que isso", escreveu o magistrado.


Guimarães disse à reportagem que quis apenas manifestar seu descontentamento com a situação, pois o cancelamento da audiência comprometia a rapidez processual, mas que não comemorou o feito. "Apenas me vali de uma ironia para expressar meu descontentamento com o fato de não estar conseguindo imprimir aos processos a celeridade que a sociedade merece", disse.


"Jamais imaginei que um simples despacho, destinado única e exclusivamente a ratificar a retirada de um processo de pauta, fosse gerar tanto alarido. O fato é que pratiquei um ato destoante do meu comportamento ordinário", afirmou.


A ação apresentada por um ex-funcionário de uma empresa do ramo alimentício previa a realização de uma audiência na sexta, às 15h.


Porém, no dia 31 de janeiro, uma portaria conjunta da presidência do TRT-5 (Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região) e da corregedoria regional suspendeu as atividades presenciais até o dia 28 de fevereiro.
Com isso, a audiência passaria a ser realizada por meio de teleconferência. As partes nos processos podem se opor e pedir adiamento até que seja possível a realização do encontro de maneira presencial. ?


Segundo o despacho do juiz Guimarães, a empresa não quis manter a data da audiência telepresencial, resultando na retirada do processo da pauta. "Aguarde-se o retorno das atividades presenciais", escreveu.


À reportagem, Guimarães disse que "com mais absoluta certeza" não teve a intenção de ofender ou prejudicar ninguém. "Fi-lo por ter de desmarcar audiências cujo agendamento me custara sério empenho."
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) informou que não poderia se manifestar sobre o caso porque pode ser instado a avaliar o caso futuramente caso alguém questione formalmente a postura do juiz. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) na Bahia foi procurado no começo desta tarde, mas não havia respondido até as 17h.