Dentro das quatro linhas, Romário de Souza Faria foi um craque. Conseguia, como ninguém, escapar das divididas. Não era pipoqueiro, sabia encarar os marcadores com dribles desconcertantes. Finalizava a gol como ninguém. Marcou, segundo sua contabilidade, 1.002 gols em toda carreira, em que atuou em grandes clubes, como o Vasco – onde nasceu para o futebol –, PSV Eindhoven (Holanda), Barcelona, Flamengo, Fluminense...



Romário disputou também Copas do Mundo e levou o Brasil a conquistar o tetra, no Mundial do México, em 1994. E foi injustamente cortado, por conta de uma simples contusão, por Zagallo e Zico na Copa da França, em 1998.



Fora de campo, Romário sempre teve a língua afiada e se envolveu em polêmicas tanto com colegas – como o craque Zico e o Rei Pelé – como com técnicos, como Zagallo e Luiz Felipe Scolari.



Ainda fora de campo, o Baixinho Romário, que hoje é senador da República, se envolveu com várias mulheres, com quem tem seis filhos (quatro mulheres e dois homens). Em 29 de janeiro de 2016, quando Romário completou 50 anos, o Portal UOL publicou reportagem sobre as “14 mulheres que contribuíram para que Romário ganhasse a fama de pegador”.



Dentre essas ‘mulheres’, encontra-se a transexual capixaba Thalita Campos Zampirolli. Relata o jornal carioca Extra, de 17 de dezembro de 2013, que na madrugada de uma sexta-feira (13/12/2013), a coluna Retratos “flagrou Romário saindo de fininho, de mãos dadas com uma morena de uma casa de shows, na Barra da Tijuca (Rio).

 

Irritado com o flagra, o Baixinho pediu que seu motorista obrigasse o paparazzo a apagar as fotos. Através do único clique ‘sobrevivente’, veio à tona a identidade da moça.

 

Ela é a transexual Thalita Zampirolli, capixaba de 25 anos, que nasceu Júlio Campos. Antes de ir ao encontro de Romário, ela postou uma foto ao lado de uma amiga, com o mesmo figurino do flagra com o ex-jogador. ‘Saindo de casa para ir ao show”, escreveu ela.



Em entrevista ao Portal Ego, de O Globo,Thalita Zampirolli relatou sobre o namoro  que teve com o Baixinho. Na época com 24 anos de idade, Thalita disse ter nascido com o nome de Júlio Campos, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul Espírito Santo.



Relata o portal que “a vida da morena de corpo escultural não interessava a ninguém, até ela ser flagrada, em dezembro de 2013, deixando uma  boate no Rio de mãos dadas com o ex-jogador e deputado federal (PSB-RJ), Romário”.



Segundo o Portal Ego, a exposição acabou provocando o interesse da imprensa e foi revelado que Thalita é transexual. “Apesar do burburinho em torno de seu nome, a jovem conta que a revelação a fez perder contratos como modelo, causando prejuízo financeiro”.



Prossegue a publicação: “ Contando com o dinheiro de futuros trabalhos, Thalita teria contraído dívidas e, sem dinheiro para bancar as contas, entrou em depressão”.



Segundo a modelo disse na época, as grifes para as quais ela fotografava não concordaram em ver seu nome ligado à imagem de uma transexual: "Cancelaram contratos dizendo que eu agi de má fé e que eu deveria ter contado antes, não ter omitido que era transexual", disse a jovem.



O mesmo preconceito, segundo Thalita, ela  teria enfrentado com Romário. De acordo com Thalita, ela e o ex-craque namoraram por um ano e ele era carinhoso e companheiro com a suposta namorada. Tudo teria mudado quando foi revelado que ela havia se submetido a uma cirurgia de troca de sexo.



Thalita garante que o ex-namorado não sabia que ela era transexual. “Acredito que ele deve ter ficado chateado comigo, sim. Mas ele tem que entender que sou uma mulher. Tivemos um relacionamento durante um ano e foi bom enquanto durou”, ressaltou a moça, de acordo com o Portal Ego.



O Baixinho, que sempre soube escapar das divididas e entradas maldosas dos mais diversos zagueiros do Planeta, pelos gramados por onde jogou, finalmente foi “driblado”.

 

Sentindo-se enganado, por acreditar que namorava uma mulher e não um homem que fizera cirurgia para mudança de sexo, Romário  foi à luta. Ele entrou na Justiça Cível, em Brasília, com uma ação de indenização contra Thalita. O Baixinho ganhou a causa e a Justiça condenou a transexual capixaba Thalita a indenizar o senador. O valor da indenização girou em torno de R$ 1 5 mil.



No entanto, Thalita driblou o Baixinho de novo. Ela não pagou a dívida, casou-se com um empresário e foi embora para os Estados Unidos. O senador Romário, então, procurou de novo à Justiça. Por meio do advogado Luiz Sérgio de Vasconcelos Júnior (DF/ 29296/DF), ele entrou com uma ação denominada de  Insolvência Requerida pelo Credor.



A Inicial deu entrada em março de 2018, na Vara de Falências, Recuperações Judiciais, Insolvência Civil e Litígios Empresariais do Distrito Federal. O Juízo, entretanto, declinou da competência, remetendo os autos para a Comarca de Cachoeiro, onde Thalita tinha residência fixa.



Em 24 de maio deste ano, o juiz George Luiz Silva Figueira, 2ª Vara Cível de Cachoeiro, acolheu a ação movida por Romário. O valor da ação é de R$ 15.617,77.



Escreveu o magistrado no despacho:



Cuida-se de ação declaratória de insolvência civil ajuizada por Romário de Souza Faria em face de Thalita Zampirolli, a qual foi distribuida originariamente para Vara de Falências, Recuperações Judiciais, Insolvência Civil e Litígios Empresariais do Distrito Federal e, em razão da decisão de fl.548 que declinou a competência, foi remetida/redistribuída para este juízo e vara;



Sobre a insolvência civil, o CPC vigente, em seu art. 1050, prevê que "até edição de lei especifica, as execuções contra devedor insolvente, em curso ou que venham a ser propostas, permanecem reguladas pelo Livro II, Título IV da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973";



Desta forma, como a inicial encontra-se instruída do título judicial, amparado no artigo 755 do CPC/73, recebo a inicial e determino a citação da devedora, por oficial de justiça, para tomar conhecimento do pedido e, se quiser, no prazo de 10(dez) dias, opor embargos ou então depositar a importância do crédito do credor(art.757, CPC/73);



Desde já adianto que se for ofertada resposta, ela será recebida e encartada nestes próprios autos e não como ação incidente; 



Vencido o prazo, com ou sem manifestação, voltem-me os autos conclusos.



No dia 10 de outubro, o juiz George Luiz Silva Figueira proferiu outro despacho nos autos. Uma vez que a transexual Thalita não foram encontrada em seus endereços em Cachoeiro, o magistrado determinou que ela seja citada por meio de edital.



1) Considerando o teor das certidões de fls. 558 e 575-v, no qual informam que a requerida encontra-se residindo no exterior, sem endereço certo/conhecido, e como a tentativa de citação nos demais endereços encontrados gerará custos desnecessários, amparado no art. 256, inc. II, CPC/2015, DEFIRO o pedido de fl. 578 e, para tanto, determino se EXPEÇA edital de citação de Thalita Campos Zampirolli, pelo prazo de 20 (vinte) dias (art. 257, inc. III, CPC/2015), para tomar conhecimento do feito e, caso queira, apresente a defesa que tiver, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de revelia (art. 344, CPC/2015);



02) INTIME-SE o requerente, na pessoa de seu advogado, via diário, para retirar o edital, no prazo de 30 (trinta) dias, bem como comprovar sua publicação, na forma do art. 257 do CPC/2015, sob pena de extinção do feito por abandono (art. 485, inc. III, CPC/2015);



03) Findo o prazo do edital, sem manifestação, CERTIFIQUE-SE a revelia e desde já, amparado no art. 72, caput, inc. II c/c seu parágrafo único, ambos do CPC/2015, lhe NOMEIO curador especial, na pessoa do defensor público que atua nesta vara, para apresentar contestação a fim de se estabelecer o contraditório;



04) Apresentada a resposta, sendo alegada alguma preliminar prevista no art. 337 ou exibido algum documento pertinente ao processo, em respeito ao contraditório, amparado nos arts. 351 e 437, ambos do CPC/2015, INTIME-SE a instituição autora, na pessoa de sua advogada, para, caso queira, manifestar-se em réplica, no prazo de 15 (quinze) dias;



05) Caso contrário, se não houver manifestação no prazo fixado no item '02)' deste, CERTIFIQUE-SE e INTIME-SE pessoalmente o autor, via postal com AR, para dar andamento ao feito no prazo de 05 (cinco) dias (art. 485, § 1º, CPC/2015), sob pena extinção por abandono na forma do art. 485, inc. III do CPC/2015;



06) Ao depois, com ou sem as manifestações, voltem-me os autos CONCLUSOS;



Cumpra-se.


CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM/ES, 10 DE OUTUBRO DE 2018.

 

Outro lado:


Blog do Elimar Côrtes manteve contato, via WhatsApp, com o advogado Luiz Sérgio de Vasconcelos Júnior, que é do escritório o de advocacia que representa o senador Romário, em Brasília. O primeiro contato foi feito na terça-feira (20/11).



Foi pedido ao advogado cópia da Inicial que ensejou a ação contra Thalita. Luiz Sérgio Vasconcelos pediu o email do Blog, que lhe foi repassado. Mas até a postagem desta reportagem, ele não enviou nenhum documento e nem se manifestou.



No dia 21 deste mês, os autos que tramitam em Cachoeiro foram entregues à advogada que representa o advogado Luiz Sérgio Vasconcelos no Espírito Santo. A ela, na tarde de quinta-feira (22/11), também foi pedida cópia da Inicial. Ela ficou de manter contato com o escritório em Brasília. Mais tarde, disse que não foi autorizada a repassar informações ao Blog do Elimar Côrtes.


 

Romário nega namoro e diz com transexual

 

Em 11 de fevereiro de 2014, na mesma reportagem de Thalita, o Romário conversou com o portal EGO, e negou que tivesse namorado a transexual:



"Essa informação (de que teriam namorado por um ano) não bate. Um dia ela diz uma coisa, outro dia diz outra. O que aconteceu em relação a ela foi que, naquele dia da boate, eu fui para a minha casa e ela foi para a dela. Não aconteceu nada. Ela não pode dizer que namorou comigo durante um ano porque estou separado há 1 ano e depois disso só tive dois relacionamentos. Não consigo namorar escondido. Claro que o que ela está dizendo não procede.  Eu inclusive estou preparando uma ação e vou entrar contra ela e contra qualquer veículo que continuar divulgando essa história sem fundamento. Está chegando o carnaval e ela deve estar querendo voltar para a mídia".

 

Advogada cachoeirense faz ameaça

 

Na tarde desta sexta-feira (23/11), a advogada que representa Romário em Cachoeiro de Itapemirim (com quem estão os autos de número 0004269-26.2018.8.08.0011, referente à Ação de Insolvência contra Thalita), entrou em contato com o Blog do Elimar Côrtesexigindo a retirada de seu nome da reportagem. A advogada ameaçou entrar com ação judicial, para pedir que o Blog do Elimar Côrtes seja retirado do ar, caso seu nome continuasse na postagem.



Blog do Elimar Côrtes não teme ameaças, mas acolheu pedido da doutora cachoeirense e retirou seu nome da reportagem. O nome da advogada, no entanto, está publicado na tramitação do processo, que é público.



"Eu não autorizei o senhor a publicar nada. Retire meu nome do Blog", disse a advogada, que ouviu a seguinte frase: "O Blog não precisa de sua autorização para publicar reportagens". Ela, então, desligou o telefone.



(Texto atualizado às 13 horas de 23/11/2018)