O algodão se trata da matéria-prima mais usada na indústria da moda, mas sua produção é responsável por diversos malefícios ambientais, como o consumo excessivo de água e a contaminação de recursos naturais. Além disso, é comum que a fibra seja plantada em lugares insalubres, cultivada por produtores submetidos à condições análogas à escravidão. Por essas e outras, alternativas se fazem necessárias e é aí que entra o hemp, uma fibra de cânhamo proveniente da Cannabis. 

Capaz de se adaptar a diferentes tipos de solo, a fibra de cânhamo tem como vantagem a possibilidade de ser produzida de maneira orgânica, uma vez que não precisa de agrotóxicos. Além disso, a estrutura natural do hemp evita a contaminação de superfícies terrestres e é biodegradável. Quando se trata de qualidade, a alternativa ainda é consideravelmente superior ao algodão. Mais resistente, a fibra tem a capacidade de bloquear os raios ultravioletas e é isolante, servindo tanto para aquecer uma peça, quanto para deixá-la mais fresca. 


Cannabis é substituta do algodão (Foto: Reprodução/ Olena Ruban/ Getty Images)


Entretanto, mesmo que o cânhamo se apresente como uma opção mais barata, inteligente e sustentável para o algodão, ele ainda enfrenta resistência entre as marcas. Isso se deve aos entraves legais que são consequentes dos tabus que giram em torno da origem do hemp. Entretanto, as plantas são completamente diferentes. Segundo a Associação Nacional do Cânhamo Industrial, ANC, enquanto a flor da maconha possui 30% de tetrahidrocanabinol, o cânhamo apresenta apenas 0,3% em sua composição. 

Outro problema está na associação do cânhamo a uma atmosfera alternativa e de baixa qualidade. Porém, aos poucos algumas grifes estão voltando seus olhos para o hemp. A Braintree Clothing, Levi’s e a Adidas, por exemplo, já contam com peças de cânhamo em suas coleções. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária legalizou a importação de produtos que contenham hemp em 2015. Contudo, o cultivo da fibra é proibido no país.