Mais uma ação de distribuição de cestas básicas foi interrompida por tiroteios em favelas do Rio de Janeiro. Nesta quinta-feira (21), o caso aconteceu durante uma operação da Unidade de Polícia Pacificadora da Providência, no Centro do Rio, onde um jovem de 19 anos foi morto por conta dos disparos.

Segundo voluntários do pré-vestibular Machado de Assis, da Providência, o tiroteio começou quando o grupo entregava 50 cestas básicas às famílias de estudantes do Colégio Estadual Reverendo Hugh Clarence Tucker, também na região central do Rio.

"Ao subir a ladeira, vi viaturas da polícia subindo. Eles pararam e saíram policiais com toucas ninja. A gente ouve um disparo, tinha cerca de 80 pessoas na ladeira da escola", conta um dos professores voluntários no projeto.

Houve tumulto quando os moradores perceberam que alguém havia sido baleado. Eles filmaram a saída dos policiais da comunidade levando o ferido, Rodrigo Cerqueira, de 19 anos. Os moradores chegaram a se manifestar contra os agentes, mas foram interrompidos por spray jogado pelos militares.

Rodrigo foi levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar, na mesma região, mas de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ele chegou morto à unidade.

Segundo a Polícia Militar, os agentes da UPP realizavam um patrulhamento na Rua Rivadávia Corrêa, no Santo Cristo, quando foram atacados a tiros e revidaram. A corporação diz que Rodrigo era suspeito e, com ele, foram apreendidos uma pistola, munição e drogas.

Parentes e amigos, no entanto, afirmam que o jovem era inocente, que estudava e trabalhava como ambulante na região.

"Rodrigo era um garoto muito legal, muito calmo. Era um garoto que sentava sempre na primeira fila, que participava de todas as atividades. Nós não sabemos como era a vida do Rodrigo fora da escola, mas nós, professores todos, podemos falar que o Rodrigo era um menino maravilhoso dentro da escola", conta um professor do estudante morto.

A Polícia Civil informou que Rodrigo Cerqueira não tinha passagem criminal.

A presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputada Renata Souza, do Psol, se manifestou nas redes sociais após o caso: "Mais uma família pobre, negra e favelada que perde um ente querido nessa sanha sangrenta da insegurança pública. Até quando?".