Os corpos de dois homens, tio e sobrinho, foram encontrados com sinais de  tortura dentro do porta-malas de um carro na localidade da Polêmica, no bairro de Brotas, na capital baiana. Inicialmente, o crime foi apontado como relacionado ao tráfico de drogas, mas, atualmente, após o reconhecimento dos corpos, a família defende que os homens furtaram carne de um supermercado e, após serem identificados por seguranças, foram entregues a traficantes do bairro, que teriam sido os responsáveis pelas mortes. As informações são do G1 da Bahia.

De acordo com a Polícia Civil, Yan Barros, 19, e o tio dele, Bruno Barros, 29, foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. No dia 26 de abril, quando foram encontrados, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas. No dia 29 de abril, após os corpos serem identificados, a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que ele foi morto após ter sido flagrado pelos seguranças do supermercado Atakarejo por furtar carne no estabelecimento.

Segundo a mulher, Bruno chegou a enviar áudios a uma amiga dizendo o que tinha ocorrido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do nordeste de Amaralina. Os familiares das vítimas também disseram que um dos dois homens também chegou a enviar áudios pedindo dinheiro para pagar carnes que eles furtaram de um supermercado.

Bruno e Yan Barros

ReproduçãoArquivo pessoal

Bruno e Yan Barros

A delegada Andréa Ribeiro, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que as imagens de câmeras de segurança do supermercado Atakarejo, no bairro de Amaralina, em Salvador, estão sendo analisadas.

Na última sexta-feira, 30, parentes e amigos dos dois homens fizeram uma manifestação na rua onde eles moravam, em Fazenda Coutos, e depois na frente do Atacadão Atakarejo, que fica no mesmo bairro. Eles afirmam que os seguranças do supermercado entregaram os dois homens aos traficantes do bairro. Uma testemunha teria presenciado a situação.

Segundo a delegada, a família e os funcionários do estabelecimento estão sendo ouvidos. Ela ainda informou que os funcionários estão entre os investigados, mas não deu mais detalhes para não atrapalhar as investigações. Ninguém foi preso até o momento.

Em entrevista ao G1, a mãe de Bruno e avó de Yan, Dionésia Pereira Barros, disse não entender o motivo para um assassinato brutal como ocorreu com seus familiares. "Eu não pude reconhecer o corpo de meu filho e meu neto do tanto que o rosto deles estava machucado. Eu choro porque é muita dor a morte. Eu sonho com ele o tempo todo e não consigo lembrar o que é, só sei que sonhei", disse. Bruno deixou uma filha de 12 anos.

Em nota, o Ministério Público da Bahia (MPBA) informou que adotou as providências cabíveis nesta fase preliminar de apuração, autuando uma notícia de crime e encaminhando ao Núcleo do Júri da Capital.

O grupo Atakadão Atakarejo divulgou uma nota reiterando o comprometimento com os Direitos Humanos e com a defesa da vida humana, afirmando não compactuar com qualquer tipo de violência. O supermercado afirmou ainda que é uma empresa séria, sólida e cumpridora das normas legais, que possui rigorosa política que não compactua com qualquer ação criminosa. O grupo diz que está colaborando integralmente com a investigação policial e que já entregou todos os documentos e imagens do sistema de segurança aos órgãos competentes para o esclarecimento do caso.