estudante de agronomia Gabriela Souza, de 22 anos, procurou a delegacia de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, para denunciar o engenheiro civil André Anderson Martins, de 24, por estupro. Ela conta que ele a forçou a ter relação sexual sem preservativo.

Gabriela diz que se relaciona com o engenheiro desde o ano passado e mantinha uma dependência emocional com ele. Apesar de morar em Guajará (AM), tudo aconteceu enquanto ela passava uns dias na casa de uma amiga no interior do estado. Ele chegou a ser preso e encaminhado ao Presídio Manoel Neri ainda na sexta-feira (21), mas foi liberado nesse sábado (22).

Ela conta que em setembro ocorreu o primeiro abuso sexual. “Foi quando eu disse que estava menstruada e não queria fazer sexo, mas, mesmo assim, ele me forçou. Na época não percebi que era abuso. Em novembro, ele foi para Rio Branco, a gente terminou por mensagem, mas manteve contato como amigo”, relembra.

A estudante assume que sempre trocavam mensagens de teor íntimo, já que os dois tinham se relacionado. Além disso, ela alega que vivia um relacionamento abusivo e sempre que acontecia algo, o engenheiro pedia desculpas e ela perdoava. Além de tudo, tinha medo dos julgamentos.

“Em janeiro, ele voltou para Cruzeiro do Sul, foi até minha casa e foi quando ocorreu o segundo abuso. A gente não estava mais junto, eu disse que não faria sexo com ele, mas acabou acontecendo. Ele tampou minha boca, me forçando a fazer sexo anal, sem camisinha. Depois voltou para Rio Branco”, revela.

Depois desse episódio, ela conta que ficou quase dois meses sem menstruar e pensava estar grávida. Com isso, manteve um certo contato com Anderson mandando mensagens até o teste de gravidez, feito em fevereiro, ficar pronto. Depois disso, o engenheiro teria dito à estudante que estava namorando com outra e que seria pai. Mesmo assim, segundo ela, as trocas de mensagens não pararam.

“Quando foi agora, ele voltou e disse que queria me ver. Quando eu soube que ele estava aqui, reativou vários gatilhos, porque eu já tinha consciência dos abusos que eu tinha sofrido e até então eu estava bem, porque não o via”, conta.

'Eu gritei, chorei e ele não parou'

Na sexta-feira (21) à noite, Gabriela e Anderson marcaram de conversar e ele levou a estudante até a casa da mãe dele. A estudante conta que queria conversar e resolver a história dos dois, mas diz que ficou em estado de choque ao vê-lo, sem saber o que falar.

Ele, segundo ela, travou as portas do carro e a convenceu a ir até a casa da mãe dele, onde tiveram mais uma vez relação sexual.

“O que deixei bem claro é que no início realmente foi consensual, mas quando ele quis fazer sexo anal, eu pedi que ele parasse. Não queria mais, doía muito. Eu gritei, chorei e ele não parou”, revela.

Depois disso, a estudante disse que chorou e o engenheiro falou que era normal e que depois ela se acostumaria [com o sexo anal]. Mesmo abalada, ela disse que não conseguiu falar nada para ele, porque não se sentia segura. “Eu interagi com ele, mas só queria sair dali. Fui o caminho de volta para a casa da minha amiga calada.”

Depois disso, ela gravou vídeos em uma rede social expondo a situação, procurou a delegacia, fez exames de corpo de delito e precisou de atendimento médico em uma unidade de saúde, porque, segundo ela, estava com muitas dores. O caso teve bastante repercussão nas redes sociais e Gabriela alega até que outras meninas a procuraram para dizer que teriam sido vítimas do engenheiro.

A polícia

A polícia informou que no BO a jovem teria informado que teve relações com o homem pelo menos três vezes. Ao retornar ele teria procurado por ela novamente, quando ocorreu o estupro.

A jovem passou por exame de corpo de delito, que comprovou a conjunção carnal, mas não a lesão anal, segundo informou a polícia. No entanto, a estudante garante que tentou repetir o exame.

Ela denuncia ainda que não teve o atendimento adequado na delegacia geral da cidade e que chegou a pedir para refazer o exame que comprova a relação anal por achar que não foi feito corretamente, mas foi convencida a não repetir o exame pelo delegado.

Ela contou ainda que não se sentiu amparada e que na delegacia ficou próxima do agressor, até que um amigo pediu que ela fosse para uma sala separada. Segundo a estudante, familiares do engenheiro chegaram a ir até a casa dela pedir que ela retirasse a queixa.

A assessoria da Polícia Civil nega as denúncias e disse que a vítima foi atendida por uma agente mulher para que pudesse se sentir mais amparada. Disse ainda que o procedimento seguiu o trâmite normal, já que o suspeito foi preso horas depois.